Uma exposição da artista Ana Hatherly (1929-2015) vai reunir desenhos, colagens, pinturas e obras em vidro, a partir de terça-feira, em Cáceres, Espanha.

“Dibujar es hablar con el silêncio” (“Desenhar é falar com o silêncio”) dá título a esta mostra feita a partir do Arquivo Fernando Aguiar, que é inaugurada às 20:00 no Museu Vostell Malpartida, em Cáceres, onde ficará até 27 de fevereiro de 2022, segundo a organização.

Na exposição foram incluídas obras em desenho, colagens e pinturas em papel e tela, de várias décadas, incluindo três colagens inacabadas relacionadas com a série “As Ruas de Lisboa”, considerada um trabalho em progresso.

Caligrafias, serigrafias, uma pequena instalação e duas obras em vidro acrílico, intituladas “Floresta de Outono” e “Floresta de Inverno”, a partir de um projeto de 1957, também podem ser vistas no museu espanhol.

Foi incluída outra peça feita a partir de uma obra original de Ana Hatherly — uma pintura sobre tela que reproduz em grande formato um pequeno desenho de 1996/1997, da série “Viagem à Índia” que também está exposto – formando “um conjunto indivisível que revela o grande potencial que muitas das criações alcançam quando feitas em grande escala, aumentando detalhes que muitas vezes passam despercebidos”.

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O “Poema 1” (1959-64), publicado no livro “Uma Calculadora de Improbabilidades” (2001), é reproduzido, nesta exposição, numa grande tela de plástico.

A exposição mostra ainda uma série de obras visuais que compõem o livro “Volúpsia” (1994), bem como os poemas que as acompanham, a par de dois desenhos da série “Alfabeto Estrutural”, feitos nos anos 1960, que são exibidos pela primeira vez, segundo a organização.

Ana Hatherly gostava de trabalhar em série para explorar as possibilidades que cada uma lhe proporcionava e, nesse sentido, “cada obra exibida pode ser considerada uma indicação para descobrir uma série de obras que aquela obra invoca”, recorda o texto do museu.

Embora parte substancial da sua produção visual esteja diretamente ligada às palavras e aos signos gráficos, a artista criou pinturas em que as cores e os tons são o principal fator de exploração, a exemplo da série “Viagem à Índia e outros percursos”, que foi apresentada no Museu do Chiado, em Lisboa, em 1997.

Ao longo de mais de quarenta anos de atividade, também abordou o cinema, a poesia, a literatura, o ensaio, e a performance, sendo uma das mais significativas, a intitulada “Break”, que teve como palco a Galeria Quadrum, em Lisboa, em 1977.

Em 2018, também com base no mesmo arquivo de Fernando Aguiar, a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, em Almada, dedicou-lhe uma exposição intitulada “O Prodígio da Experiência”.

Em novembro de 2017, realizou-se uma exposição com mais de 100 obras da artista plástica na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, intitulada “Ana Hatherly: Território Anagramático”, reunindo obras em desenho, gravura, vídeo e edição, criadas entre 1970 e 2012.

Essa exposição foi o resultado de uma colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que inaugurou, um mês antes, a exposição “Ana Hatherly e o Barroco. Num Jardim Feito de Tinta”.

Ana Hatherly explorou todas estas linguagens artísticas e fez profundas reflexões sobre os seus temas de interesse, criando uma “metalinguagem e metapensamento” próprios.

O arquivo do colecionador Fernando Aguiar é constituído por cerca de 2.500 originais de poesia visual, e cerca de 50 mil documentos relacionados com poesia experimental e visual, e áreas como a arte conceptual, performance e arte postal.