O registo de Rúben Amorim à frente do Sporting quase só tem um sentido: a vitória. Em 62 jogos pelos leões, o treinador leva 44 vitórias, 12 empates e apenas seis derrotas, sendo que metade delas foram entre julho e outubro de 2020. Só em Alvalade, só perdeu duas vezes e ambas para as competições europeias; se olharmos para os jogos em casa nas competições nacionais, as derrotas desaparecem. Pelo meio, Amorim conquistou uma Taça da Liga e uma Primeira Liga e vai acumulando registos históricos. O mais recente chegou esta sexta-feira.

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Com a vitória frente ao Marítimo, Rúben Amorim somou o 27.ª jogo consecutivo sem perder em Alvalade para o Campeonato e ultrapassou um registo que durava desde os tempos de Paulo Bento. Mais do que isso, com os três pontos conquistados frente aos madeirenses, o treinador aproximou-se como nenhum outro de uma marca com 70 anos: entre 1950 e 1953, com quatro dos Cinco Violinos na equipa — Travassos, Vasques, Albano e Jesus Correia –, Randolph Galloway esteve 33 jornadas consecutivas sem sofrer uma derrota em casa para a Liga. Em termos gerais e excluindo o historial de Amorim, os leões chegaram ao 30.º encontro seguido sem perder em Alvalade para o Campeonato, o melhor registo desde 1983.

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Num encontro que foi novamente muito complexo, depois da vitória sofrida no Estoril, o Sporting teve de esperar até ao sétimo minuto de descontos para conseguir carimbar os três pontos frente ao Marítimo. Assim, os leões colocaram-se provisoriamente a um ponto do Benfica, que só entra em campo este sábado, e alcançaram uma base de energia positiva para o regresso à fase de grupos da Liga dos Campeões, na terça-feira, em casa do Borussia Dortmund.

Na flash interview, Rúben Amorim realçou “o espírito do público” que esteve presente em Alvalade. “Muito sofrimento depois de dois empates, derrota com o Ajax… Souberam ter paciência como a equipa. O resultado é claramente justo. Podíamos ter resolvido muito mais cedo”, reconheceu o treinador leonino, comentando depois a exibição de João Palhinha e Pedro Porro, dois dos elementos em notória evidência nos leões. “Relembrar que o Porro teve dificuldades para entrar na equipa porque o Esgaio esteve muito bem. Há que realçar o trabalho deles mas o futebol tem estes momentos. Cada um vive momentos diferentes. O Porro está muito forte ofensivamente, o Palhinha defensiva e ofensivamente”, analisou Amorim.

Sobre a dificuldade que o Sporting tem sentido nos últimos jogos para marcar golos — que se alia à ausência de Pedro Gonçalves e à fase de menor produtividade de Paulinho –, o técnico não escondeu que é um aspeto que “preocupa”. “Desta vez foi o Nuno Santos que teve ocasiões. Tentámos mas não saiu. E isso preocupa, obviamente. Um jogo onde o Marítimo não fez nada… Ganhamos, relaxamos, isso é verdade. Mas temos de fazer mais golos para dar mais sumo à exibição”, disse Amorim, antecipando desde logo a deslocação da próxima terça-feira a Dortmund.

“Acima de tudo quero que os jogadores vão jogar. Aconteça o que acontecer a responsabilidade é do treinador porque eles dão tudo. O que quero é ir a jogo e jogar, que é o os jogadores precisam. Há jogadores que ainda sentem o embate, nomeadamente o Vinagre. Mas o Vinagre vai continuar — não digo que é em todos os jogos mas ele vai ter tempo para crescer. Ele tem de saber que tem uma equipa técnica que percebe os momentos de cada um, as pancadas que levam e o tempo que precisam para recuperar. O que eles precisam é de jogar”, concluiu, recordando a goleada pesada sofrida contra o Ajax e o momento menos positivo do lateral, que voltou a não realizar uma grande exibição.