A cidade da Horta, no Faial, vai receber um ciclo dedicado a Raquel Soeiro de Brito, que inclui a inauguração de exposições e a exibição das filmagens do vulcão dos Capelinhos, que serão comentadas pela geógrafa.

O realizador Gonçalo Tocha decidiu organizar as iniciativas movido pela “curiosidade“, após ter descoberto que a casa onde reside, na ilha do Faial, foi a Casa da Missão, assim designada por ter albergado diversos cientistas por altura da erupção do vulcão dos Capelinhos em 1957.

“Isto é um sonho de há três anos. Quando a gente veio para esta casa, os antigos proprietários falaram por alto da história que tinha estado cá a missão científica. Isto era uma história altamente sugestiva e misteriosa”, afirmou Tocha à agência Lusa.

A equipa científica, então chefiada pelo professor Orlando Ribeiro, participou em duas missões de cerca de um mês em outubro de 1957 e janeiro de 1958.

O cineasta, que trocou o continente pelos Açores em 2017, realça que, apesar de Raquel Soeiro Brito ter estado várias vezes no Faial após 1957, “nunca mais voltou à casa onde viveu” aquando da erupção.

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“Da missão, a única pessoa que está viva é a Raquel e ela tem uma memória extraordinária e uma vida e uma paixão incrível. Ela está a ver [tudo] ainda. E isso tem a ver com a marca emocional que foi para ela”, declarou.

A geógrafa, atualmente com 96 anos, chegou ao Faial na segunda-feira.

“Estou a filmar com ela em vários locais. Para mim, era importante ter essa memória, esse registo da presença dela”, acrescentou.

As filmagens com a geógrafa vão fazer parte de um projeto fílmico de Gonçalo Tocha sobre as ilhas do triângulo, nos Açores (Faial, Pico e São Jorge).

Esta sexta-feira, foram inauguradas exposições com fotografias da erupção dos Capelinhos na Casa do Artesanato do Capelo, na Galeria Camarupa e na Casa da Missão.

No sábado, vão ser exibidas filmagens do vulcão da autoria de Raquel Soeiro Brito, acompanhadas pelos comentários da geógrafa, numa sessão aberta à população.

“O filme são as imagens que a Raquel filmou em 1957, que vão estar editadas de outra forma e vão ser comentadas aqui no encontro público com ela [Raquel Soeiro de Brito] e que depois vai ser o mote de partida para uma conversa com a população”, afirmou.

As iniciativas, da organização de Gonçalo Tocha, têm a chancela de AvistaVulcão: A Casa da Missão, um projeto “ainda informal”, mas que no futuro quer tornar parte daquela casa num “espaço de residência para artistas”.

“O nosso projeto é poder, inspirado por esta história, continuar este legado nos próximos anos como espaço também de trabalho de artistas visuais e investigação, aproveitando esse património”, afirmou.

O projeto tem o apoio da Junta de Freguesia do Capelo, da Associação de Amigos do Vulcão dos Capelinhos e da Galeria Camarupa.