A Seleção dos Diogos passou a ser a Seleção dos Tiagos. Esta simples questão de um nome, um nome que acaba por revelar-se um dos mais comuns em Portugal num certo período da história recente, acaba por ser a forma mais fácil de explicar a mudança de geração que a Seleção Sub-21 está nesta altura a atravessar. Diogo Costa, Diogo Dalot, Diogo Queirós, Diogo Leite, todos titulares na final do Europeu da categoria em junho, não faziam parte da convocatória mais recente de Rui Jorge. Tiago Djaló, Tiago Tomás, Tiago Araújo e Tiago Dantas, um lote onde só os dois primeiros estiveram nessa final, foram todos chamados.

Esta quinta-feira, em Vizela, Portugal dava o segundo passo nessa mudança de geração e disputava o segundo jogo de qualificação para o Europeu 2023 na Geórgia e na Roménia, a contar para um Grupo D onde também estão Grécia, Islândia, Bielorrússia, Chipre e Liechtenstein. Depois de ter derrotado a Bielorrússia com um golo solitário de Fábio Vieira no passado mês de setembro, a Seleção de Rui Jorge recebia o Liechtenstein e o selecionador recusava-se a comparar gerações.

Portugal bate Bielorrússia na estreia na corrida ao Europeu de sub-21 de 2023

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“Não gosto de fazer comparações entre gerações. Temos cá jogadores da geração passada. Claro que no término dessa geração estávamos num nível muito alto e com muita qualidade e é para aí que queremos ir. Mas isso será daqui a um ano e tal… Estes vão ter tempo para crescer em termos de clube, com estímulos a que vão ser sujeitos. Nós vamos aguardando e vamos dar espaço”, disse o treinador na antevisão da partida, sublinhando a presença não só de Tiago Tomás e Tiago Djaló mas também de Vitinha, Fábio Vieira, Tomás Tavares, Francisco Conceição e Gonçalo Ramos, cinco jogadores que também estiveram na final perdida contra a Alemanha, na convocatória.

Na antecipação do jogo, Rui Jorge não deixou de vincar o favoritismo português — embora tenha ressalvado que a Seleção tinha de manter o respeito pelo adversário. “Não há comparação possível entre a qualidade dos nossos jogadores e os do Liechtenstein. Isso não quer dizer que possamos ter um pior comportamento no que toca à nossa forma de encarar o jogo. Isso tem de estar sempre presente. Estando presente, de uma forma natural, conseguiremos ser superiores. Claro que vai haver uma aglomeração grande junto da área deles e isso traz sempre dificuldades, principalmente para conseguir marcar o primeiro golo, mas isso é normal neste tipo de jogos. Sabemos também que há muitas quebras no ritmo de jogo. O que interessa é fazermos o nosso jogo, jogar simples e rápido, e encontrar espaços onde é difícil encontrá-los”, antecipou o selecionador, cuja grande surpresa no lote de convocados foi o guarda-redes Gonçalo Tabuaço, do Estrela da Amadora.

Com a lotação totalmente esgotada em Vizela, Portugal atuava com um onze inicial que misturava a nova geração com a anterior: Celton Biai era titular na baliza e realizava a primeira internacionalização Sub-21; João Mário surgia na direita da defesa, Eduardo Quaresma e Tiago Djaló formavam a dupla de centrais e Nuno Tavares era o lateral esquerdo; Tiago Dantas, Vitinha, André Almeida e Fábio Vieira eram os responsáveis pelo meio-campo; e Gonçalo Ramos e Fábio Silva surgiam no ataque. Afonso Sousa, Tiago Tomás e Francisco Conceição eram todos suplentes e a grande baixa era Tomás Händel, o médio do V. Guimarães que sofreu uma indisposição ao longo da semana e que chegou a ser observado no Hospital de Guimarães, onde a Seleção tem estado concentrada nos últimos dias.

A primeira parte foi um autêntico rolo compressor da parte de Portugal. Se é certo que o Liechtenstein ainda tentou surpreender nos instantes iniciais e até conquistou um pontapé de canto no primeiro minuto, também é certo que a Seleção Nacional até demorou menos tempo a chegar ao primeiro golo do que aquilo que Rui Jorge havia antecipado. Logo aos quatro minutos, numa jogada deliciosa, Tiago Dantas abriu em João Mário na direita, o lateral combinou com Fábio Vieira, que devolveu de calcanhar, e Fábio Silva rodou à entrada da grande área para abrir na esquerda em Nuno Tavares, que atirou forte para inaugurar o marcador (4′). O momento, porém, foi apenas o desbloquear de tudo aquilo que ainda estava por vir.

André Almeida foi o nome que se seguiu na lista de marcadores, com um grande pontapé já dentro de área depois de um ressalto (8′). Gonçalo Ramos aumentou a vantagem ao encostar ao segundo poste um cruzamento de Fábio Silva (12′), que tinha recebido de Fábio Vieira, e o mesmo Fábio Silva marcou logo no minuto seguinte ao picar a bola por cima do guarda-redes depois de aproveitar um erro defensivo (13′). Ramos bisou de cabeça depois de um cruzamento de Dantas (19′), fez o hat-trick na recarga a um remate de João Mário (24′) e carimbou o poker com um pontapé acrobático na sequência de um cruzamento do lateral direito (39′). Pelo meio, Fábio Vieira ainda teve tempo para marcar de grande penalidade, na sequência de uma mão na bola de Graber (36′), com Fábio Silva a fechar as contas antes do intervalo com um cabeceamento depois de um cruzamento de Nuno Tavares na esquerda (44′).

A Seleção Sub-21 foi para o intervalo a ganhar por 9-0 e tendo já igualado o maior resultado de sempre de Portugal nesta categoria — curiosamente, também obtido contra o Liechtenstein. Com essa vantagem mais do que confortável, Rui Jorge tirou João Mário, Vitinha, Gonçalo Ramos e Fábio Silva e lançou Francisco Conceição, Paulo Bernardo, Henrique Araújo e Tiago Tomás. Na segunda parte, Portugal ainda marcou mais dois golos, por intermédio de Tiago Tomás (63′) e Francisco Conceição (76′), e fechou o resultado nos 11-0, carimbando a maior vitória de sempre da história da Seleção Sub-21.

Com esta goleada, Portugal tem agora seis pontos no Grupo D da qualificação para o Europeu Sub-23 e volta a entrar em campo na próxima terça-feira, contra a Islândia. Gonçalo Ramos fez um poker, Fábio Silva marcou dois golos e Vitinha voltou a fazer uma grande exibição mas é Fábio Vieira, que marcou novamente depois de já o ter feito contra a Bielorrússia e de ter sido o MVP no último Europeu, o próximo nome a ter em conta.