O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, alertou esta quinta-feira para as implicações para a segurança da Aliança Atlântica de uma China cada vez mais assertiva e de uma Rússia mais agressiva.

Enfrentamos uma concorrência estratégica crescente, o avanço do autoritarismo e a instabilidade generalizada, impulsionada por um comportamento russo mais agressivo e uma China cada vez mais assertiva“, disse Stoltenberg numa reunião, em Bruxelas, com os conselheiros de segurança dos 30 Estados-membros.

Stoltenberg alertou que estas tendências têm “implicações importantes” na segurança, nas democracias e no modo de vida dos países da Aliança Atlântica, de que Portugal faz parte. Afirmou ainda, citado pela agência de notícias espanhola EFE, que “só podem ser abordados com sucesso se trabalharmos em conjunto”.

A NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou, na quarta-feira, a expulsão de oito diplomatas russos da embaixada da Rússia junto da organização por alegada espionagem.

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Stoltenberg disse esta quinta-feira, numa conferência de imprensa após a reunião do Conselho do Atlântico Norte, que a decisão “não está ligada a nenhum evento em particular”, mas responde a um “aumento da atividade perniciosa da Rússia” na Europa.

“Descobrimos que são agentes secretos russos não declarados, infiltrados, e vimos um aumento da atividade perniciosa da Rússia, pelo menos na Europa. Por isso, tivemos de agir”, disse aos jornalistas, citado pela agência France-Presse. Jens Stoltenberg admitiu que a relação entre a NATO e a Rússia “está no seu ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria”, em 1991.

Isso é devido ao comportamento russo. Temos visto as suas ações agressivas, sobretudo contra a Ucrânia, mas também o reforço militar significativo e as violações de importantes acordos de controlo de armamento”, disse, citado pela agência Associated Press.

O secretário-geral da NATO também advertiu que a disputa entre Paris e Washington sobre a parceria estratégica entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido (conhecida pela sigla AUKUS) não deve dividir a Aliança Atlântica.

“Compreendo o desapontamento da França. Mas este tipo de disputa não deve causar uma fenda na Aliança, nem minar a força da ligação transatlântica”, afirmou, segundo a agência France-Presse. Stoltenberg disse que a questão foi discutida durante a reunião desta quinta-feira e manifestou-se “confiante que os aliados envolvidos encontrarão formas de chegar a um acordo”.

O anúncio da parceria EUA-Austrália-Reino Unido foi duramente criticado pela França, que tinha assinado um contrato para vender submarinos franceses à Austrália.

“Como aliados, nem sempre concordamos em tudo o tempo todo, mas nunca perdemos de vista o panorama geral”, insistiu o secretário-geral da NATO. “À medida que a concorrência global se intensifica, a Europa e a América do Norte devem continuar unidas na NATO, porque os desafios de segurança que enfrentamos são demasiado grandes para qualquer país ou continente enfrentar sozinho”, argumentou.

Stoltenberg recordou que na reunião de Bruxelas, em junho passado, os líderes aliados reafirmaram que a NATO “continua a ser o fórum transatlântico único, essencial e indispensável de consulta e ação conjunta” sobre todas as questões relacionadas com a segurança de cada país-membro e coletiva.

“A reunião de hoje foi um passo importante para a cimeira da NATO planeada para Madrid em 2022”, acrescentou.

A cimeira está prevista para a primavera.