Faltam 53 dias para o Natal e Simon Segars, da Arm, que desenha semicondutores (“chips”), tinha um anúncio a fazer. “Se não fizeram ainda todas as vossas compras, nomeadamente de equipamentos eletrónicos podem vir a ficar desiludidos por poderem não conseguir comprar tudo”. A razão? “Há falta de semicondutores” como já devem ter ouvido falar.

“Não vos quero, no entanto, estragar o Natal”. Mas nunca, explicou, houve um desencontro tão grande entre oferta e procura de semicondutores. Os semicondutores estão em todo o lado. ”

Tudo se intensificou com a pandemia e com a paragem de algumas fábricas que suspenderam pedidos de compra de semicondutores, tendo as fabricantes de “chips” direcionado as suas produções para quem estava a precisar, em particular a eletrónica de consumo. “Concentraram-se no que as pessoas precisavam”, salienta.

Só que, além disso, hoje em dia, salienta Simon Segars, tudo tem “chips”. “Estão em todo o lado”, com especial relevância para a quantidade de semicondutores que hoje os automóveis exigem.

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Mas porque não se constroem mais fábricas de semicondutores? É a grande pergunta e que tem uma resposta: “é muito difícil”. Demora tempo e dinheiro. Não obstante haver planos para investimentos de milhões nesta indústria. Segundo noticiou a Reuters, só este ano Intel, Samsung e TSMC planeiam investir cerca de 75 mil milhões de dólares na indústria, acima dos 50 mil milhões de 2019.

Como adverte Simon Segars, construir uma fábrica não é suficiente. Há toda a cadeia de valor que tem de acompanhar, matérias-primas, químicas, logística.

São necessários mais “chips”, é a mensagem central de Simon Segars, que subiu ao palco principal da Web Summit para tentar a resposta sobre se é possível resolver a falta de “chips”. A resposta não foi a direta e no fim deu outro número. Faltam 418 dias até ao Natal de 2022. “Espero que o abastecimento esteja melhor”, mas “não estará totalmente resolvido”. As decisões de hoje vão demorar 10 anos a encontrar-se com o mercado. “Temos de o fazer da forma certa”. E promete daqui a 10 anos estar no palco da Web Summit para voltar à pergunta: conseguimos resolver a escassez de semicondutores?