Há cinco países europeus com coberturas vacinais tão baixas que podem tornar-se berços de variantes mais transmissíveis do coronavírus: Roménia, Bulgária, Letónia, Lituânia e Estónia. O alerta partiu da comissária europeia da saúde, Stella Kyriakides, na conferência em que participou esta quarta-feira à tarde no palco HealthConf da Web Summit.
A política cipriota justifica que os países com menos pessoas vacinadas registam uma maior circulação do vírus, dando mais oportunidade ao SARS-CoV-2 para reunir mutações mais perigosas à medida que se replica as exibidas pela variante delta.
É por isso que apela aos países, mesmo aos que têm taxas de vacinação mais altas, para não se esquecerem de persuadir quem nunca foi inoculado a fazê-lo. E de colaborar para que os fármacos cheguem aos países menos desenvolvidos, que têm tido menos acesso a vacinas: “Estamos numa pandemia, por definição não podemos olhar só para a União Europeia. Isto nunca foi uma questão de ser a União Europeia primeiro”.
No que toca ao esforço de vacinação dentro da União Europeia, os casos mais preocupantes são o da Bulgária, onde apenas duas em cada 10 pessoas está totalmente vacinada contra a Covid-19; e na Roménia, em que a percentagem não chega aos 31%. Ambos registam neste momento uma subida exponencial no número de novos casos nas últimas duas semanas por 100 mil habitantes — a Roménia estava, na terça-feira, com uma proporção de 940,1 casos; e a Bulgária de 925,1 casos — e vivem agora uma situação epidemiológica mais descontrolada do que Portugal teve há um ano.
Consulte aqui em baixo a evolução do número de novos casos nas duas semanas anteriores por 100 mil habitantes em Portugal e nos cinco países apontados por Stella Kyriakides.
Mas entre os países mencionados pela comissária europeia para a saúde, aqueles cuja proporção de novos casos é mais crítica são a Lituânia com 1.494 novos infetados nas últimas duas semanas por 100 mil habitantes, a Estónia com 1.699 casos e, no topo, a Letónia com 1.771,5 casos. Neles, a percentagem de vacinados está muito abaixo da portuguesa: os lituanos ficam-se pelos 64%, os estónios nos 58% e os letões pelos 55%.
Veja aqui em baixo a evolução da cobertura vacinal em Portugal e nos cinco países apontados por Stella Kyriakides.
Numa altura em que o número de novos casos está a subir na generalidade dos países europeus, Stella Kyriakides recusa fazer comentários sobre o que a União Europeia pode esperar da pandemia no próximo inverno: “Parei de fazer previsões nos últimos 22 meses”, assumiu a comissária, defendendo que essa análise cabe aos epidemiologistas.
Embora recorde que, “quando dizemos que ainda não estamos a salvo, isto não é um cliché, mas sim um facto”, Stella Kyriakides acredita que as vacinas — inclusivamente as doses de reforço dadas às pessoas com um sistema imunitário mais fragilizado e às que foram inoculadas há mais tempo — podem achatar a curva dos novos casos de infeção pelo coronavírus nos próximos meses.