Num discurso público em Brasília, Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, decidiu anunciar, esta quarta-feira, a sua filiação ao partido Podemos (de centro-direita).

A um ano das eleições presidenciais, o também ex-juiz do processo Lava Jato não mencionou qual será o seu papel na estrutura partidária. No entanto, o partido Podemos apresentou-o como o “próximo Presidente da República” — e o seu discurso também dá pistas de que esta poderá ser a sua intenção.

“Queremos juntos construir o Brasil do futuro. Quero partilhar algumas ideias que tenho para este projeto. Alerto que são ainda apenas algumas ideias de um projeto maior e que será formulado junto com os brasileiros e as brasileiras”, lê-se no discurso partilhado pela Globo.

Sérgio Moro quer “reconstruir o combate à corrupção”, pretende “proteger a família brasileira contra a violência, a desagregação e as drogas que ameaçam nossas crianças, jovens e adultos” e também quer incentivar o empreendedorismo, defendendo o “livre mercado e a livre iniciativa”.

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Num discurso com várias críticas a Bolsonaro e ao Partido Trabalhista (de Lula da Silva e de Dilma Rousseff — destituída do cargo de Presidente devido ao processo Lava Jato), mas sem nunca os mencionar diretamente, o ex-juiz diz que “chega de corrupção e de enganar a população”, bem como “chega de ofender ou intimidar jornalistas”.

Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro lembrou a altura em que recebeu o convite por parte do Presidente brasileiro, sendo que aceitou o cargo com a “esperança de dias melhores”, após um período em que houve “grandes casos de corrupção que eram revelados dia após dia”. 

“Era um momento que exigia mudança. Eu, como juiz [do processo] Lava Jato sentia-me no dever do ajudar”, referiu, elencando alguns feitos durante o seu mandato, como a redução da criminalidade violenta e o combate “com afinco” ao crime organizado.

Porém, quando Sergio Moro viu o seu “trabalho boicotado” e quando viu que “foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção “, decidiu abandonar o cargo. “Nenhum vale a alma”, assegurou, acrescentando que nunca renunciará aos seus princípios e ao seu “compromisso com o povo brasileiro”. Em causa, esteve uma substituição de Bolsonaro na polícia federal.

Ministro da Justiça do Brasil, Sérgio Moro, pede demissão a Jair Bolsonaro

Hoje em dia, ressalvou Sergio Moro, “fica aquela sensação amarga” no Brasil “de que não existe lei, de que não existe Justiça. Como se a Petrobrás não tivesse sido saqueada, como se tudo o que foi feito não tivesse valido e como se não tivessem importância as manifestações de milhões de brasileiros contra a corrupção em 2015 e 2016″.