A Ford apresentou a nova geração da Ranger, modelo crucial para a marca que se tem vindo a afirmar como construtor de pick-ups, tendo precisamente na Ranger uma das suas propostas mais vitais, ou não fosse comercializada em 180 países. Esta presença faz deste modelo da Ford o mais global no mercado, chamando a si a responsabilidade de ser líder do segmento no Velho Continente, com uma quota de 40% e um recorde de vendas de 45.539 unidades.
Consciente disto e porque acordou com a Volkswagen que a base da nova Ranger serviria igualmente a futura Amarok, a Ford preocupou-se em fazer da nova pick-up “a mais capaz de sempre” e garante tê-la testado ao limite, para garantir que estará apta a enfrentar as mais difíceis tarefas, seja numa missão de trabalho ou numa escapadela de lazer.
Aos rivais Isuzu D-Max, Mitsubishi L200, Nissan Navara e Toyota Hilux, a Ford responde com uma Ranger fortalecida com novos argumentos, da plataforma aos motores, sem esquecer a tecnologia a bordo e a estética. Mas ainda será preciso esperar – e com alguma paciência – para poder comprovar até que ponto a 5.ª geração da Ranger evolui. Isto porque, segundo a marca, as vendas na Europa só arrancarão no final de 2022, prevendo-se que a entrega das primeiras unidades ocorra nos primeiros meses de 2023.
O fabricante de Dearborn não avança com medidas, mas a distância entre eixos e a largura de vias aumentaram 5 cm. O eixo da frente avançou na mesma medida, o que significa que as rodas dianteiras estão posicionadas mais à frente, melhorando os ângulos de ataque. Por outro lado, os amortecedores da suspensão traseira foram deslocados para o exterior das longarinas do chassi, favorecendo o conforto a bordo, com a marca aqui a pretender claramente oferecer o melhor de dois mundos, pois ao mesmo tempo que garante um melhor desempenho da Ranger no fora de estrada, assegura um conforto superior “e uma condução mais semelhante à de um automóvel”.
A isto acresce a funcionalidade da caixa de carga, que beneficia em espaço do incremento da largura, além de passar a usufruir de um degrau na lateral, que facilita o acesso ao compartimento, dispensando os anteriores malabarismos de que alguns clientes se queixaram. O compartimento passa a estar forrado em plástico moldado, para proteger a pick-up dos arranhões da carga, oferecendo mais pontos de fixação para prender os objectos transportados e divisórias para arrumá-los. E porque muitos clientes da Ranger, sobretudo na área da construção, usam-na como veículo de trabalho, a Ford reforça esse sentido de parceria no portão traseiro, passível de se converter numa bancada de trabalho onde não faltam sequer grampos e uma régua incorporada, agilizando assim operações que implicam o corte de materiais – sob o capot há espaço para instalar uma segunda bateria e as laterais da caixa têm pontos de luz e tomadas.
No lançamento estarão disponíveis quatro motores, um dos quais o V6 turbodiesel de 3,0 litros, destinado aos que apreciam ou querem mais potência e binário. A oferta completa-se com o 2,0 litros a gasóleo de quatro cilindros em linha com três níveis de potência, sendo que as versões com um turbocompressor terão duas declinações, a que se junta uma versão sobrealimentada com dois turbos a funcionar não em paralelo, mas em série. Lá mais para a frente, é expectável que o leque de alternativas seja alargado, pois a Ford avisa desde já que “a estrutura dianteira hidroformada cria mais espaço no compartimento do motor para o novo propulsor V6 e ajuda a Ranger a preparar-se para no futuro receber novas tecnologias de propulsão”.
Quanto à tracção, será integral, com os clientes a poderem optar entre dois sistemas de tracção às quatro rodas, um conectável electronicamente (shift-on-the-fly), outro permanente com modo set-and-forget.
Com uma imagem mais “encorpada”, fruto quer da nova grelha à frente quer dos das protecções em plástico a enfatizar a generosa dimensão dos arcos das rodas, a nova Ranger estará disponível pela primeira vez com faróis de matriz de LED.
No interior, é prometida uma melhoria dos materiais (a marca equipara-os ao de um automóvel convencional), alegadamente mais suaves ao toque. Mas o principal destaque vai para um “pormenor” único entre as pick-ups no mercado: um ecrã táctil ao centro, que poderá ser de 10,1 ou 12 polegadas, sempre com o mais recente sistema operativo (SYNC 4). O display de maiores dimensões é disposto na vertical, tal como o conhecemos no Mustang Mach-E, o que permitiu prescindir de uma série de comandos físicos – inclusivamente os modos de condução e offroad. Este ecrã pode ainda estar ligado a uma câmara de 360º, seja para facilitar manobras mais apertadas ou para enfrentar com mais segurança obstáculos no todo-o-terreno. A Ranger está igualmente preparada para executar funções remotamente, através da app FordPass, e para receber actualizações de software over-the-air.