Os secretários de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional, Miguel Cabrita, do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, e Adjunto e da Educação, João Costa, vincaram esta sexta-feira a importância da formação financeira nas respetivas áreas.
Sendo as qualificações um fator de desigualdade estruturante, é muito importante conseguir que esse fator de desigualdade, e outros que lhe estão associados, não sejam ainda reproduzidos pela maior exposição a riscos de tipo financeiro e por ausência de literacia financeira”, salientou Miguel Cabrita.
O governante da área da Segurança Social falava no encerramento da conferência do Plano Nacional de Formação Financeira 2021-2025, que decorreu esta sexta-feira no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
As orientações estratégicas do plano foram esta sexta-feira apresentadas e ficarão disponíveis para consulta no site todoscontam.pt, prosseguindo os dez anos de articulação no projeto entre as entidades que fazem parte do CNSF: Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), aliadas a vários parceiros institucionais, como os ministérios.
O secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, alertou que “a digitalização também comporta alguns riscos, e esses riscos têm uma tradução muito direta, porventura, numa possibilitação eventualmente excessiva do recurso a crédito por via dos produtos que são disponibilizados digitalmente, designadamente pelas instituições de crédito”.
O governante já tinha sinalizado, na sua intervenção, que “ao nível da digitalização impõem-se grandes desafios na política pública de defesa do consumidor”, precisamente “ao nível do consumo de produtos financeiros”.
João Torres disse ainda que também “importará, porventura, dar um conhecimento mais reforçado” sobre produtos financeiros associados à sustentabilidade, assunto que “é uma demanda dos consumidores, dos cidadãos, cada vez mais vincada”.
Também o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, interveio no encerramento, dizendo que a formação financeira se inclui na agenda dos direitos humanos, no caso “na recusa do sobreendividamento, a recusa da prisão dos que vendem impossíveis e iludem os consumidores como se tudo fosse fácil”.
Assim, a literacia financeira confere “liberdade, sobrevivência, capacidade de autogestão e de autorregulação” às pessoas, tendo o governante apontado ainda à questão das desigualdades económicas.
Não é apenas a capacidade de poupar em abstrato, é também quanto é que tenho no fim de cada mês para conseguir poupar”, frisou.
João Costa terminou a sua intervenção citando Aristóteles: “As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã”.