O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, afirmou esta segunda-feira nas Nações Unidas que o país vai manter o trabalho da Plataforma Global para Estudantes Sírios, fundada por Jorge Sampaio.

A Organização das Nações Unidas prestou homenagem ao antigo presidente português Jorge Sampaio, ex-Alto Representante para a Aliança das Civilizações, numa cerimónia em que participou o secretário-geral da ONU, António Guterres, e que contou com depoimento do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, entre diversos diplomatas junto da organização.

Augusto Santos Silva recordou a contribuição de Sampaio para problemas atuais como as pandemias —enquanto enviado especial da ONU para a luta contra a tuberculose, em 2006 — para a promoção da saúde pública, avanço do diálogo intercultural e inter-religioso e proteção de direitos humanos, inclusive o direito à educação.

O ministro manifestou o compromisso de Portugal de continuar a avançar a Plataforma Global para Estudantes Sírios, fundada por Jorge Sampaio, que se tornou num “verdadeiro catalisador para o ensino superior”, com um mecanismo de resposta rápida, além do programa de bolsas de estudo, que beneficiou 750 estudantes desde 2014.

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Na cerimónia coorganizada em Nova Iorque pela Missão de Portugal junto da ONU e pela Aliança das Civilizações (UNAOC, na sigla em inglês), de que Sampaio foi o primeiro alto representante entre 2007 e 2013, vários dignitários internacionais prestaram tributo ao ex-chefe de Estado português, falecido aos 81 anos, em 10 de setembro.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou um “legado excecional” de Jorge Sampaio, devotado a “causas nobres e a melhorar as vidas de pessoas em todo o mundo”.

O ex-presidente foi um “cidadão global e multilateralista”, disse Guterres.

“Jorge Sampaio foi um arquiteto bem-sucedido de um importante mecanismo das Nações Unidas. O objetivo da Aliança é simples e complexo, promover diplomacia preventiva e construir pontes de diálogo e compreensão entre culturas e religiões. Este esforço é de grande importância ainda hoje”, declarou o secretário-geral da ONU.

O Presidente da Turquia e cofundador da Aliança das Civilizações, Recep Tayyip Erdogan, afirmou em depoimento vídeo que Jorge Sampaio “trabalhou incansavelmente para transformar a Aliança numa estrutura dedicada à paz global” e que com a sua liderança esta tornou-se numa “componente crucial do sistema das Nações Unidas”.

Numa altura em que a islamofobia, o racismo, o antissemitismo e a xenofobia estão em crescimento, a visão e valores da UNAOC são mais necessários que nunca”, acrescentou ainda o Presidente turco.

O atual alto representante da UNAOC, Miguel Ángel Moratinos, afirmou que o mundo está “a passar por tempos difíceis”, definidos por “desconfiança, ódio, discriminação”, em que, mais do que nunca, é preciso praticar a conhecida frase de Jorge Sampaio: “a solidariedade não é facultativa, é um dever”.

Alguns membros da família de Jorge Sampaio seguiram a cerimónia ‘online’, impedidos de viajar para Nova Iorque por causa da pandemia de Covid-19.

A filha, Vera Ritta de Sampaio, disse que o Presidente mantinha sempre “uma grande crença nas Nações Unidas” e expressou gratidão pelo tributo, em nome da família do ex-presidente.