O presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve (Olhãopesca) mostrou-se esta terça-feira preocupado com a redução de quotas para algumas pescarias, defendendo um reforço na monitorização dos recursos no terreno.

“São todas espécies de grande importância comercial para o setor. É certo que a percentagem de quebra não é acentuada, mas pode pôr em causa a regularidade da atividade ao longo do ano“, disse Miguel Cardoso em declarações à Lusa.

Em 2022, Portugal vai pescar menos linguado, lagostim e pescada, mas os cortes nas capturas ficam aquém do proposto pela Comissão Europeia há um mês, segundo um comunicado do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.

Cortes para Portugal nas capturas de pescada, linguado e lagostim menores do que proposto

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o presidente da Olhãopesca, que congrega cerca de 160 produtores de pesca polivalente em toda a região, se houver regularidade na pesca destas espécies, “em outubro, novembro podem fechar as pescarias, o que causa constrangimento e preocupação”.

Aquele responsável mostrou-se apreensivo com o facto de no ano passado ter havido uma estabilização e até um aumento do total admissível de capturas (TAC) e quotas e, logo no ano a seguir, haver quebras, “quando a pescaria é a mesma e não houve excessos”.

Terá que haver um reforço no estudo e monitorização dos recursos em cada uma destas espécies. Creio que há um défice de pesquisa no terreno, no sentido de se perceber como estão os recursos, por parte das entidades que fornecem dados à Comissão europeia”, argumentou.

Para 2022, há uma redução de 8% face ao total admissível de capturas (TAC) de pescada, para as 2.284 toneladas, face a este ano, em vez do corte de 18% que tinha sido proposta por Bruxelas.

No que respeita ao linguado, a redução no TAC é de 5%, para as 407 toneladas, em vez de 15%, e as capturas de lagostim foram reduzidas na mesma percentagem, em vez de 16%, num total de 266 toneladas.

Por seu lado, o carapau, tamboril e areeiro viram os seus TAC para o próximo ano aumentar face a 2021.

Relativamente às espécies cujo total admissível de captura aumentou, Miguel Cardoso considera que a decisão é “favorável” para o tamboril, considerando que “corresponde ao que se observa no mar”.

Já no que concerne ao carapau, o presidente da Olhãopesca considera que o aumento não traz grandes vantagens, pois “não há capacidade para capturar a possibilidade de pesca” disponível, pelo que é uma espécie que “sobra todos os anos”.

Os ministros das Pescas da União Europeia (UE) chegaram esta terça-feira a um acordo sobre os totais admissíveis de capturas e respetiva repartição de quotas para 2022, em águas do Atlântico, Mediterrâneo, Mar do Norte e Mar Negro, após dois dias de negociações.

O acordo permitiu ainda — uma vez que as negociações com a Noruega tinham sido já concluídas — fixar os limites para as capturas de bacalhau na zona económica exclusiva do país, tendo sido estipulada uma redução de cinco toneladas.

No comunicado, Serrão Santos lembra que o acordo alcançado na Organização de Pescas do Atlântico Noroeste (NAFO), em setembro, aumentou em 168%, para 784 toneladas, a quota portuguesa de pesca de bacalhau, compensando os cortes na Noruega.

As negociações da pesca de bacalhau para o arquipélago de Savlbard ainda decorrem, esperando-se um acordo antes de janeiro de 2022.