A Seat está a testar um protótipo capaz de recolher o passageiro no ponto definido por este e de o deixar no destino ou, até mesmo, procurar um lugar para estacionar e fazê-lo sozinho. Tudo isto de forma autónoma, isto é, prescindindo de condutor. O projecto, chamado Diana em evocação à deusa romana da caça, tem por base um Leon equipado com cinco sensores LiDAR, outros tantos radares, a que se juntam ainda seis câmaras, 12 sensores ultrassónicos e oito computadores. Basicamente, uma parafernália de equipamentos que visam conferir ao sistema avançado de assistência à condução (ADAS) uma visão de 360º.
Nas cidades do futuro, tal como elas são perspectivadas no presente, o lugar do condutor vai ficar livre, pois caberá ao veículo assumir a direcção. Antecipa-se também que o conceito de propriedade vai perder para o de partilha, o que só por si bastará para reduzir o número de veículos em circulação e os habituais engarrafamentos. Mas nada disto será possível sem a condução autónoma, que hoje está legalmente limitada ao nível 2, o que não só obriga a que o condutor assuma o seu lugar, como assuma também a responsabilidade pelo supervisionamento da viatura.
O protótipo que a Seat tem vindo a testar nas suas instalações em Martorell e, mais recentemente, num circuito urbano fechado, é um nível 3 na escala de autonomia. Ou seja, o próprio veículo consegue controlar e resolver a maioria das situações com que se depara, o que significa que o condutor não tem de intervir para acelerar, travar, curvar ou mudar de faixa. Contudo, a legislação define que, mesmo sem ter as mãos no volante, é sobre ele que recai a responsabilidade da viatura. Daí que o Leon em testes tenha sempre alguém a bordo, pronto a intervir, se tal for necessário.
Em colaboração com o Centro Tecnológico Automóvel da Galiza, os engenheiros da Seat estão a desenvolver este projecto-piloto de automóvel autónomo que, para já, executa três funções sem mão humana: Chauffeur, Valet Parking e Summoning. Esta última será a mais “rebuscada” do ponto de vista tecnológico, se bem que a sua operacionalização não deverá requerer nenhum tipo de milagre. A prova é que a Tesla já disponibiliza o Smart Summon desde 2016, para curtas distâncias.
No caso do Leon, o objectivo é ir mais além e garantir um “trajecto sem sobressaltos”. O engenheiro de I&D da Seat Oriol Mas explica que “graças à alta precisão, ao centímetro, do sistema de localização no mapa HD, o automóvel sabe sempre que está na faixa da direita”. Quando pára para apanhar o utilizador que o chamou através de uma aplicação, o Diana sinaliza a imobilização e destranca as portas. Já com o passageiro a bordo, mal este fecha a porta, o Seat volta a trancá-las automaticamente, sinaliza o arranque e segue para o destino pretendido. Chegado ao local definido, deixa o utilizador e segue sozinho à procura do local mais próximo para estacionar, manobra que executa também de forma 100% autónoma e a que corresponde a função que a Seat designa por Automated Valet Parking. Quanto à funcionalidade Autonomous Chauffeur, esta será particularmente útil para enfrentar filas de trânsito, na medida em que é o carro que trata sozinho de arrancar e parar sempre que necessário, para acompanhar o fluxo do tráfego e minimizar o efeito “acordeão”.
Rubén Pérez, outro engenheiro de I&D da Seat, assume que a tecnologia ainda precisa de ser robustecida para “garantir que o sistema é 100% seguro”, mas diz acreditar que este é o caminho certo rumo a centros urbanos com menos carros em circulação. “No futuro, um veículo com maior autonomia poderá oferecer e incentivar novos serviços de mobilidade inteligente e descongestionar as grandes cidades e as áreas de mobilidade complexa”, afirma.
Evidente é que, para tal acontecer, os fabricantes de automóveis não podem ficar dependentes dos fornecedores de chips, como hoje acontece. Simultaneamente, os equipamentos que asseguram os ADAS não podem comprometer o consumo energético do veículo pois, num eléctrico, a forma como a bateria é gerida para optimizar a autonomia é crucial.