Lusia Harris, estrela do basquetebol universitário norte-americano nos anos 70, morreu na madrugada passada, aos 66 anos. Pioneira no desporto, Lucy, como era também conhecida, fez história na modalidade ao tornar-se a única mulher a ser escolhida para integrar o plantel de uma equipa da NBA, na altura um franchise de New Orleans. A notícia foi avançada pela família juntamente com a universidade Delta State, no estado do Mississippi.

“É com grande tristeza que damos a notícia de que o nosso anjo, matriarca, irmã, mãe, avó, medalhista olímpica, Rainha do Basquetebol Lusia Harris morreu de forma inesperada. Os últimos meses trouxeram bastante felicidade à Sra. Harris, incluindo as notícias do futuro casamento do seu filho mais novo e o grande reconhecimento que lhe foi dado num recente documentário que trouxe atenção a nível mundial para a sua história”, lê-se no comunicado.

Nascida em Minter City, no Estado do Mississippi, Lusia Harris levou a Delta State University a três títulos nacionais consecutivos da Association for Intercollegiatte Athletic for Women (AIAW), entre 1975 e 1977. Na altura a AIAW regia o desporto universitário feminino, acabando por ser, apesar de terem coexistido durante um pequeno período, uma pré NCAA (National Collegiate Athletic Association), organização mais importante dos EUA a nível do desporto universitário.

E foi em 1977, depois da sua carreira a nível universitário, que Harris foi escolhida na sétima ronda do draft da NBA pelos New Orleans Jazz, equipa que posteriormente seria deslocada para Utah, onde ainda se mantém. No entanto, segundo diz no documentário de 2021 “The Queen of Basketball” (A Rainha do Basquetebol), em declarações citadas pela CNN, recusou o convite por achar que tudo se tratava de uma jogada de marketing.

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“Pensei que era uma jogada de publicidade e senti que não era suficientemente boa. Então decidi não ir. Sim, disse não à NBA. Não me arrependo de não ter ido, nem um pouco”, garantiu.

Além do sucesso em Delta State, onde ainda é a recordista de pontos (2 891) e ressaltos (1 662), Lusia Harris ficou ainda na história olímpica. Nos Jogos de Montreal 1976, no Canadá, quando o basquetebol feminino se tornou parte das olimpíadas, a antiga estrela universitária não só foi convocada pela seleção norte-americana, que viria a conquistar a medalha de prata, como teve a honra de apontar os primeiros pontos de sempre da modalidade nuns Jogos Olímpicos.

Lusia Harris na estreia do documentário “The Queen of Basketball”, em junho de 2021

Lusia Harris faz ainda parte de dois Hall of Fames (restrito lote de antigas estrelas do basquetebol): do Naismith Memorial Basketball Hall of Fame, para o qual foi nomeada em 1992 e foi a primeira mulher negra a sê-lo, fazendo ainda parte da classe inaugural do Women’s Basketball Hall of Fame, exclusivamente dedicado a mulheres, em 1999.