O Benfica marcou para a tarde desta quinta-feira a apresentação de Jéssica Silva, jogadora para reforçar a equipa de futebol feminino dos encarnados. Um reforço sonante, sendo a futebolista de uma das mais conceituadas internacionais portuguesas (81 jogos e 10 golos). Acontece que a apresentação… Não aconteceu. A imprensa esteve no local, onde nos ecrãs já existia uma imagem de Jéssica vestida à Benfica, mas o evento nunca mais começava. A apresentação e oficialização acabou por acontecer durante a tarde desta sexta-feira, com a jogadora a destacar estar feliz por ter assinado pelo clube do “coração”.
Na quinta-feira, ao fim de mais de três horas de espera, os jornalistas foram avisados do adiamento da apresentação da jogadora, sendo que chegou a circular entre os presentes, de acordo com a imprensa nacional, que os exames médicos se teriam atrasado. Segundo a Renascença, foram os próprios encarnados que começaram por referir a situação dos habituais exames médicos, antes de terem justificado a situação com questões burocráticas.
O Record adiantou inclusivamente que Jéssica Silva não tinha aceitado a proposta salarial das águias, mas que as negociações ainda não estavam paradas, pelo que negócio iria avançar. Já esta sexta-feira, tanto o jornal A Bola como a Renascença davam a indicação de que tudo estava acertado para esta tarde, em que iria finalmente ser feita a apresentação da nova jogadora às ordens da treinadora Filipa Patão. E assim foi.
Jéssica despediu-se do Kansas City, dos EUA, onde jogava até agora, nas redes sociais, quarto clube que representou no estrangeiro depois das suecas do Linkoping, o Levante, de Espanha, e o Lyon, de França, onde até conquistou uma Liga dos Campeões há duas épocas. Em Portugal representou o Clube de Albergaria e o Sp. Braga, com formação feita no União Ferreirense.
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— SL Benfica (@SLBenfica) January 21, 2022
A apresentação da jogadora, esta sexta-feira, começou pelas 16h30 e com declarações do vice-presidente Fernando Tavares, que dirigiu um “pedido de desculpas em nome pessoal e em nome do Benfica” aos jornalistas, mas que na passada quinta-feira os responsáveis do clube encarnado achavam pode “fazer a apresentação em tempo útil”. Assim não aconteceu devido a “atrasos nos exames médicos” e “coisas normais nas relações normais”, destacando Fernando Tavares que se tratou de uma negociação a “quatro partes”: Benfica, Jéssica Silva, o Kansas City e a própria liga norte-americana de futebol feminino. Destacou ainda o “enorme caráter” da atleta durante o “processo”.
Já a jogadora, foi clara sobre uma coisa que, afinal, nem estava escondida: “Não é segredo que sou benfiquista.Neste momento deve estar a haver festa no céu, porque o meu pai e o meu avô eram adeptos do Benfica. Sei que é um momento bom para mim, mas tenho a certeza que o meu pai e o meu avô estão orgulhosos lá em cima. Torna ainda mais especial este momento. Estou orgulhosa e feliz de vestir a camisola e quero dar tudo por ela”.
Referindo várias vezes que está no Benfica para “somar” e fazer valer também a sua experiência a nível internacional, Jéssica disse “conhecer o projeto” do clube encarnado e que este passa por “estar nas grandes competições”, depois de uma “prestação super honrosa na Liga dos Campeões”. “Quero ajudar a continuarmos nesta grande competição e chegarmos o mais longe possível. Dentro de nada vamos estar lá em cima”, garantiu.
“O Benfica é um dos maiores clubes do mundo, se não o maior, e qualquer jogadora, sobretudo portuguesa e com o futebol feminino em processo de desenvolvimento quer representar um grande. Sou benfiquista e é eu meu clube do coração. Foi bom eu querer representar o Benfica e o Benfica querer-me aqui. Estou feliz por ter assinado pelo meu clube”, disse ainda, garantindo que “nunca em momento algum houve divergência salarial”, apenas o processo de ter estado numa “liga muito independente”.
https://www.youtube.com/watch?v=o2Ky_vG23tU
Dirigindo-se aos jornalista, Jéssica Silva pediu também desculpa pelo sucedido na passada quinta-feira, garantindo que estava no Benfica “não pelo dinheiro, mas para jogar futebol num projeto ambicioso”. “Olho para o Benfica e só vejo coisas boas, um futuro, uma estrutura super competente e com muita vontade de querer mostrar o potencial da mulher nao só no futebol, mas nas diferentes modalidades”, frisou, acrescentando que volta ainda a Portugal por si, “não para ganhar dinheiro”, e porque acredita que dentro de anos “existirão mais miúdas profissionais” e que para isso é necessário um “trabalho sustentável e clubes como o Benfica a acreditar no potencial da mulher”.
“Está a ser construida uma super equipa e a ideia é voarmos e continuar a voar”, disse, explicando ainda que, mesmo sendo adepta e saltando agora das cadeiras da Luz para o relvado com a camisola 77 do Benfica, sempre esteve no desporto “de forma saudável”. “É importante termos valores, sabermos estar no desporto e é essa a minha mensagem. Sempre estive no futebol de forma saudável e sobretudo como atletas de alta competição, é preciso passar a mensagem. Sou benfiquista de coração, de forma saudável e às vezes a malta esquece-se disso. E por vezes nem é preciso falar muito para passar a mensagem”, finalizou.