894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

"Pam & Tommy". Sexo, celebridades e vídeo, para regressar aos anos 90

Este artigo tem mais de 2 anos

Uma minissérie sobre Pamela Anderson e Tommy Lee, uma gravação privada tornada pública e os seus efeitos: nos protagonistas, no início da internet e na cultura mediática. Estreia-se esta quarta-feira.

Sebastian Stan é Tommy Lee, baterista dos Motley Crue; Lily James é Pamela Anderson, estrela de "Marés Vivas"
i

Sebastian Stan é Tommy Lee, baterista dos Motley Crue; Lily James é Pamela Anderson, estrela de "Marés Vivas"

Sebastian Stan é Tommy Lee, baterista dos Motley Crue; Lily James é Pamela Anderson, estrela de "Marés Vivas"

Se foi adolescente durante a segunda metade da década de 1990, houve um momento em que uma cassete com a gravação caseira de Pamela Anderson e Tommy Lee chegou à sua turma. Se estava atento aos primeiros passos da internet, lembra-se, de certeza, de como este terá sido o primeiro fenómeno de partilha ou venda ilegal online, algo próximo daquilo que podemos chamar de “primeiro conteúdo viral”. Quem não viveu o momento, já ouviu referências e histórias. O fenómeno ultrapassava o elemento “sex tape de celebridade”, Pamela Anderson não era uma celebridade. Pamela Anderson era mais do que isso, era C.J. em “Marés Vivas” e já tinha sido modelo da Playboy: numa altura em que a oferta de televisão era infinitamente mais reduzida – e tão pouco diversificada –, o impacto de algo deste género era muito maior do que acontece hoje. Acresce a isso a relação apaixonante que ligou Pamela Anderson e Tommy Lee, baterista dos Mötley Crüe, banda vinda da fornada de hair metal gerada em Los Angeles nos anos 80, tornada irrelevante pelo grunge e que pouca atenção tinha em Portugal.

O casal é assunto no início de 2022 por causa da minissérie de oito episódios “Pam & Tommy”, cuja estreia dos primeiros três episódios acontece esta quarta-feira, 2 de fevereiro, na plataforma Disney+. Fica o aviso: a série é ótima, uma das boas confirmações deste início de ano e isso começa com o elenco: Lily James (talvez mais conhecida do remake de “Cinderela” ou da segunda parte de “Mamma Mia!”) como Pamela Anderson e Sebastian Stan (o Soldado de Inverno do Universo Cinematográfico da Marvel) como Tommy Lee. Lily James sabe ser Pamela: ou seja, consegue ser a mulher mais desejada do mundo, precisamente o que Anderson foi nos anos 90. Ainda assim, a interpretação ultrapassa isso, é grandiosa nos pequenos gestos, magistral a assumir a sua personagem na história e o seu lugar no mundo.

[o trailer de “Pam & Tommy”:]

Pam e Tommy casaram-se quatro dias após se terem conhecido. O magnetismo era avassalador, a atração sexual inexplicável. Eram fogo, as fotografias do casal na altura gritam sexo e as duas personalidades expunham-se constantemente, de forma mais ou menos consciente. O casamento aconteceu em 1995 e na lua de mel fizeram uma gravação de quase uma hora – e cerca de oito minutos mostrava o casal numa relação sexual. Foi esta gravação que escapou para o mundo, pouco tempo depois.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A rápida escalada para casamento tem os seus problemas recordados na série, por exemplo: o que há na outra pessoa, na sua personalidade, além dessa atração física e emocional? A dado momento no terceiro episódio, Lily James mostra o desconforto de Pamela Anderson através da linguagem corporal, com pequenos movimentos, enquanto faz perguntas banalíssimas a Tommy e este se mostra indiferente à sua reação (e ao que está a contar). A Pamela que vemos é a Pamela que se mostra desprotegida, confiante em querer ser outra pessoa, um pouco mais como Tommy, alguém que confunde certeza, clareza e convicção com uma atitude questionável.

“Pam & Tommy” é um ótimo exercício de ficção nostálgica, que sabe como trabalhar um momento para explicar o que estava a mudar no mundo

Se Lily James conquista pela subtileza e encanto da sua interpretação, Sebastian Stan é força física enquanto Tommy Lee, convincente nas duas decisões abruptas e ridículas, desejoso de ser sempre o macho alfa e extremamente convencido do seu poder: com razão para isso, afinal, conquistou Pamela Anderson. É um bad boy a que correspondem todos os estereótipos, viril e com um magnetismo inexplicável. Se separados são ótimos como Pamela e Tommy, juntos emanam aquilo que se imaginava do casal. Vai para lá do convincente, é emotivo e excitante vê-los juntos no ecrã.

A grande conquista de “Pam & Tommy” é, a dado momento, no segundo episódio – e daí para a frente, em vários momentos – fazer o espectador esquecer-se da sex tape. Apesar de estar sempre presente, a gravação passa a ser um detalhe. O primeiro episódio arranca com Rand Gauthier (Seth Rogen), o carpinteiro que está a trabalhar em casa de Tommy Lee e que, mais tarde, rouba a cassete como vingança por Tommy não lhe pagar pelo trabalho, a ouvir o casal a fazer sexo no andar de cima, enquanto monta uma cama nova. E o processo de como Rand lançou a cassete no mercado é bem reproduzido, atribuindo até várias dimensões à sua personagem – não é um mero carpinteiro –, relembrando bem a inocência que existia no início da internet e o amadorismo de toda a coisa. A sex tape do casal levou muita gente a efetuar a sua primeira compra online. E apesar do espectador saber isso, ficar a conhecer a história, esquece-se que ela – a sex tape – está lá. Pamela e Tommy muito são mais complexos e importantes.

A dado momento, esta série (desenvolvida pela dupla Evan Goldberg e Seth Rogen) assume o papel de retrato perfeito dos 1990s – as expectativas, as possibilidades, o que movia aquela década –, nunca deixando de ser uma ficção oleada e surpreendente sobre um dos casais mais mediáticos desse tempo. Tiveram dois filhos, a relação durou apenas três anos (divorciaram-se em 1998), mas o impacto mediático e na cultura popular estava feito. “Pam & Tommy” é um ótimo exercício de ficção nostálgica, que sabe como trabalhar um momento para explicar o que estava a mudar no mundo. Enquanto o faz, não se esquece que Pamela Anderson e Tommy Lee são pessoas que, por momentos, estiveram numa relação apaixonada. Enquanto todo o mundo estava a vê-los.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.