Todos os carros novos, produzidos depois de Janeiro de 2021, são obrigados pela regulamentação europeia a enviar os dados relativos aos consumos através de um sistema OBFCM (On-Board Fuel Consumption Meter). O objectivo é comparar os dados dos consumos registados em condições reais de utilização com os anunciados pelos fabricantes, sobre os quais incidem não só os impostos a pagar pelos condutores em muitos países, como o nosso, bem como determinar a média de emissões de CO2 para as gamas dos diferentes construtores.

Tudo indica que os veículos com mecânica híbrida plug-in (PHEV) poderão ser os mais prejudicados por esta exigência de Bruxelas. Não porque não seja eficiente a tecnologia que associa um motor de combustão a outro eléctrico alimentado por uma pequena bateria, que ainda lhe permite percorrer pelo menos 50 km em modo eléctrico, mas porque é suposto que o utilizador recarregue a bateria sempre que possível, o que nem sempre acontece.

Para sensibilizar os condutores dos seus veículos PHEV, as marcas da Stellantis começaram a introduzir nos seus modelos aquilo que denominam Plug-in Reminder, um alerta que surge no ecrã central para informar e avisar o condutor que está já realizou um determinado número de viagens sem recarregar a bateria. Ou que já passaram alguns dias desde a última recarga, aconselhando a recarregar na primeira oportunidade.

Fantasia dos híbridos plug-in condenada a acabar?

Desde Outubro que os Citroën C5 Aircross Hybrid comercializados em França e no Reino Unido incluem o Plug-in Reminder, que foi fornecido através de uma actualização OTA. A partir de Janeiro de 2022, um crescente número de modelos, de marcas e de países passou a ter acesso ao Plug-in Reminder, estando previsto que em Março inclua todas as marcas da Stellantis. Porém, é discutível se apenas informar o condutor de que não carrega a bateria, algo que ele obviamente já sabe, será suficiente para levá-lo a mudar de hábitos. Talvez fosse mais eficaz, por exemplo, uma solução como a utilizada para a injecção de AdBlue nos catalisadores selectivos (SCR), para reduzir 95% dos NOx em motores diesel, em que o motor passa a funcionar com potência reduzida caso o AdBlue acabe.

Desta forma, a Stellantis mostra boa vontade e empenho na solução do problema resultante da má utilização dos PHEV, livrando-se de eventuais multas. Mas dificilmente a tecnologia dos híbridos plug-in poderá ser “salva”, a não ser que exista uma forma de obrigar os condutores a cumprir a sua parte, carregando a bateria em troca dos incentivos que recebem para cortar nos consumos e reduzir as emissões. Paralelamente, os construtores que hoje vêem os PHEV como uma alternativa mais barata para cumprir as limitações de emissões de CO2, quando comparada com os modelos 100% eléctricos, rapidamente vão abandonar os híbridos plug-in, caso estes vejam o seu nível de emissões revisto e deixem de anunciar os actuais 30g de CO2/km (valor indicativo), passando a reivindicar o triplo ou mais.

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