Uma das associações de estudantes da Universidade Nova de Lisboa apelou esta quinta-feira a todos os movimentos associativos estudantis que se mobilizem para um protesto no dia 24 de março para assinalar os 60 anos da crise académica de 1962.

O apelo é da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), que em comunicado explica que o objetivo é organizar uma “grande ação de luta” naquele dia, sob o mote: “Lutaram no passado, lutamos no presente”.

O protesto servirá para assinalar os 60 anos desde a crise académica de 1962, que os estudantes querem recordar para reivindicar a gratuidade do ensino superior, mais ação social e alojamento.

“Todos os anos, no Dia Nacional do Estudante, os estudantes sentem na pele os problemas e reconhecem que o projeto de um ensino superior público, gratuito, democrático e de qualidade permanece por cumprir na sua plenitude”, escreve a AEFCSH em comunicado.

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Quanto à gratuitidade do ensino, aquela associação de estudantes defende que o caráter universal é posto em causa pelas propinas, taxas e emolumentos, a que acrescem os custos associados à frequência do ensino superior, e que resultam em abandono escolar.

Segundo os representantes dos estudantes, as dificuldades que daí resultam refletem-se também no aumento do número de pedidos de bolsa de ação social escolar, cujo reforço defendem.

“Por consequência da pandemia, as instituições viram as suas dificuldades expostas e agravadas nos últimos dois anos”, acrescentam, referindo o encerramento de cantinas, uma diminuição da participação democrática dos estudantes, e o agravamento das desigualdades.

Por isso, a AEFCSH pede aos restantes movimentos associativos que se mobilizem igualmente para um protesto no dia 24 de março e acrescenta: “O Dia Nacional do Estudante deve ser assinalado onde começou: na rua“.

A crise académica de 1962 foi um dos principais momentos de conflito entre os estudantes universitários portugueses e o regime do Estado Novo.

Em fevereiro desse ano, o Governo de Oliveira Salazar proibiu as comemorações do Dia do Estudante e os estudantes da Universidade Clássica de Lisboa reagiram ocupando a cantina universitária, tendo sido reprimidos pelas forças policiais. Apesar da proibição, iniciou-se em Coimbra o I Encontro Nacional de Estudantes resultando na criação do Secretariado Nacional de Estudantes.

A Academia de Lisboa decidiu realizar uma greve de protesto e contou com a solidariedade dos colegas de Coimbra. Uma concentração de estudantes na Cidade Universitária de Lisboa foi violentamente reprimida pela polícia de choque.