Conhecido por muitas declarações polémicas, desta vez o CEO multimilionário da Tesla, Elon Musk, acabou por apagar uma publicação da sua conta de Twitter. A razão? Tinha partilhado um ‘meme’ que comparava o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, a Adolf Hitler — uma comparação que lhe valeu uma chuva de críticas em poucas horas, incluindo de organizações que representam a comunidade judaica e as vítimas do Holocasto.

A imagem foi partilhada por Musk, na sua conta com 74 milhões de seguidores, na quarta-feira, como relata a Reuters, e consistia numa fotografia de Hitler com as seguintes frases: “Parem de me comparar com Justin Trudeau. Eu tinha um orçamento”. Apesar de ter sido apagada entretanto, vários utilizadores registaram, com capturas de ecrã, a mensagem.

O ‘meme’ seria uma forma de mostrar apoio aos camionistas canadianos que têm estado, nos últimos dias, a bloquear pontes e acessos entre o país e os Estados Unidos como forma de protesto contra as restrições sanitárias para conter a pandemia de Covid-19.

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O Governo de Trudeau tem aumentado o tom contra os protestos e os seus impactos na economia do país e, depois de o Executivo norte-americano ter pressionado o Canadá a acabar com as manifestações, Trudeau anunciou que tencionava recorrer ao estado de emergência para o fazer — incluindo, de forma inédita, o congelamento de contas bancárias dos manifestantes, sem necessidade de existir uma ordem do tribunal para esse efeito.

“Não podem continuar.” Trudeau invoca poderes de emergência sem precedentes para reprimir protestos do “Comboio da Liberdade”

Ora Musk, que já em janeiro mostrara na mesma rede o seu apoio em relação ao protesto e associara as decisões do Governo Trudeau a “fascismo”, decidiu responder a um tweet que dava conta de sanções aplicadas a utilizadores de criptomoedas, ligados aos protestos, e foi então que partilhou a imagem do líder nazi.

O que se seguiu foi uma onda de revolta no Twitter, que está a durar para além do tempo de vida do tweet, apagado já esta quinta-feira (depois de ter também mais de 35 mil ‘gostos’ e algumas respostas positivas, como nota a Reuters).

O Comité Judaico Americano respondeu, desde logo, exigindo um pedido de desculpas a Musk:  “Mais uma vez, Elon Musk mostrou um discernimento extremamente pobre ao invocar Hitler para usar um argumento nas redes sociais. Deve parar com este comportamento inaceitável. Musk pode acreditar que publicar um ‘meme’ a comparar Justin Trudeau a um ditador genocida que exterminou milhões é uma forma apropriada de criticar políticas das quais discorda. Não é. Nunca é”.

Não foi a única instituição a reagir. O museu de Auschwitz-Birkenau — palco do campo de concentração nazi onde morreram 960 mil pessoas, na Polónia — também respondeu no Twitter, alegando que a mensagem do multimilionário “desrespeita a memória de todas as vítimas e magoa muitas pessoas”. “Usar a imagem de Adolf Hitler e portanto explorar a tragédia de todas as pessoas que sofreram, foram humilhadas, torturadas e mortas pelo regime totalitário da Alemanha nazi criada por ele é triste e perturbador”, rematou.

Do lado do Governo canadiano, o ministro da Indústria, Francois-Philippe Champagne também respondeu na mesma rede social, classificando o tweet de Musk como “francamente chocante”. O CEO da Tesla não voltou a pronunciar-se sobre o assunto.