A velocidade de processamento mental permanece praticamente constante até aos 60 anos, conclui um estudo publicado no jornal Nature Human Behaviour. A razão? Com o envelhecimento, vem também uma maior cautela. É o derrube de um paradigma antigo que dizia que o pico se dá por volta dos 20 anos e, a partir daí, os cérebros começam a processar a informação mais lentamente.

A nossa descoberta é encorajadora, pois os resultados mostram que os níveis médios de velocidade mental em contextos que exigem decisões rápidas e forçadas não diminuem até relativamente tarde na vida”, vinca Mischa von Krause, da Universidade de Heidelberg e autor da investigação, citado pelo The Guardian.

No teste preparado pelos investigadores, os participantes tinham de classificar palavras em grupos positivos e negativos pretendendo simplesmente compreender como a idade influenciava o tempo e a precisão da resposta. O trabalho recolheu dados de 1.185.882 pessoas, com idades entre os 10 e os 80 anos, com recurso à ferramenta Project Implicit de Harvard.

Corroborando o já conhecido, o tempo médio para dar uma resposta correta é maior para aqueles com cerca de 20 anos. A rapidez, contudo, está relacionada com o facto dos jovens preferirem velocidade à precisão. Os investigadores perceberam ainda que o fator puramente mecânico (a velocidade entre ver a pergunta e tocar no teclado) foi mais rápido entre os 14 e os 16 anos.

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A velocidade no processamento mental parece atingir o auge por volta dos 30 anos e declina apenas ligeiramente dos 30 até aos 60 anos. Por outro lado, quanto maior a idade do participante, menor a taxa de erro nas respostas (pelo menos até à casa dos 60 anos).

Para Von Krause, o trabalho prova que as pessoas conseguem superar e destacar-se em diferentes desafios conforme a faixa etária onde se situam.

Obviamente, há tarefas da vida real onde é crucial evitar erros, como em diagnósticos médicos, enquanto noutros tantos, como evitar um obstáculo na estrada, a velocidade é mais importante”, refere.

No entanto, o investigador ressalva que, dentro de certos limites, o ser humano é capaz de adaptar o próprio estilo de tomada de decisão ao que exige determinada situação.