O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou a rejeitar um nome indicado pelo Governo para assumir um lugar de chefia na Marinha Portuguesa, avança o Público. Desta vez, e depois de, num primeiro momento, ter vetado a nomeação do próprio Gouveia e Melo para substituir o então chefe do Estado Maior da Armada, logo em setembro, o Chefe de Estado não aceitou a indicação do contra-almirante João Dores Aresta para ocupar o lugar de vice-chefe de Estado Maior da Armada. Foi o segundo veto de Belém em apenas três meses.
De resto, dias depois da nomeação de Gouveia e Melo — que, apesar da tensão inicial entre o Governo e a presidência haveria de se consumar nas vésperas de Natal — o nome do contra-almirante Dores Aresta foi lançado pelo Diário de Notícias da Madeira como um eventual número dois do primeiro coordenador da task force de vacinação contra a Covid-19.
Ratificado pelo Conselho de Chefes dos Ramos das Forças Armadas, o militar que era comandante operacional daquele arquipélago não terá agradado a Belém, pelo que a nomeação nunca aconteceu. Segundo o Público, o nome foi travado pelo próprio Presidente da República — também Comandante Supremo das Forças Armadas — que acabaria por nomear Coelho Cândido para o cargo, empossado em cerimónia discreta em 18 de Janeiro, a 12 dias das eleições legislativas.
Ainda esta semana, na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou os antigos chefes do Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, e da Força Aérea, general Nunes Borrego, ambos substituídos pelo Governo liderado por António Costa, antes do final do seu mandato. Não compareceram nem o ministro da Defesa, nem o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, Silva Ribeiro, nem o atual CEMA, Gouveia e Melo.
Especificamente sobre a tensão inicial gerada em torno de Gouveia e Melo, o Chefe de Estado fez saber que, naquela altura, a indicação do Ministro da Defesa poderia resultar “na percepção de um atropelamento” do coordenador da task force ao então almirante Mendes Calado, que estava a apenas um ano do fim do mandato. “Quando for o momento, só uma pessoa tem o poder de decisão e essa pessoa é o Presidente”, disse então Marcelo Rebelo de Sousa.