Menos de 6.000 portugueses emigraram para França em 2020, o número mais baixo desde que há registo, segundo uma análise do Observatório da Emigração divulgada esta terça-feira.
Dados do Eurostat citados pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, indicam que 5.998 portugueses entraram em França em 2020, menos 21,5% do que no ano anterior.
A investigadora Inês Vidigal explicou à Lusa que o número de emigrantes portugueses que entraram em França em 2020 é o mais baixo desde que o Observatório da Emigração tem registos, em 2003.
A especialista admite que esta quebra possa estar relacionada com a redução generalizada da emigração em 2020, associada à pandemia de Covid-19 e às restrições à mobilidade, mas sublinhou que no caso de França a emigração já vinha a cair há alguns anos.
Com efeito, o observatório destaca que este é o quarto ano consecutivo em que o número de emigrantes portugueses para França diminuiu (quedas de 32,8% em 2017, 3,2% em 2018, e 5% em 2019).
Com exceção do ano de 2016, em que se registou um ligeiro aumento, a emigração para França tem vindo a cair desde 2013, depois de em 2012 ter alcançado o recorde de 19.658 entradas.
Inês Vidigal explicou que, nos últimos anos, outros destinos se tornaram mais atrativos para os portugueses, como o Reino Unido (até ao “Brexit”), a Suíça ou a Alemanha.
Segundo os dados do Eurostat, não é só a emigração portuguesa que está em queda em França: a emigração para aquele país caiu 26,5% em 2020, para um total de 283.237 entradas de estrangeiros.
O observatório destaca, aliás, que o peso dos portugueses no total de entradas aumentou em 2020, para 2,1%, embora tenha caído face aos 5,6% registados em 2013.
Segundo o Relatório da Emigração 2020, apresentado em dezembro pelo observatório, o número de emigrantes portugueses em 2020 foi o mais baixo dos últimos 20 anos, um valor para o qual contribuiu a Covid-19 e o “Brexit”.
O relatório indica que a emigração portuguesa caiu de 80 mil saídas em 2019 para 45 mil em 2020 e conclui que a redução foi geral, englobando praticamente todos os destinos tradicionais da emigração portuguesa.