Uma votação mais do que expressiva. Paulo Mota Pinto foi eleito como novo líder da bancada parlamentar com o voto favorável de 71 dos 77 deputados eleitos. Houve dois votos nulos, dois votos em branco e dois parlamentares que faltaram à votação, o que significa uma eleição por 92%.
Comparando com os seus cinco antecessores, a vitória de Mota Pinto é uma clara demonstração de força: Rio foi eleito por 89,9%; Adão Silva tinha sido eleito com 81% dos votos; antes, Fernando Negrão, escolhido num contexto muito particular de guerra aberta com os apoiantes de Luís Montenegro e Hugo Soares, foi eleito apenas com 39% dos votos; antes dele, Hugo Soares conseguiu 85,4% dos votos; e Luís Montenegro foi escolhido por 85,9%.
A eleição de Mota Pinto por estes números pode ser interpretada como um sinal inequívoco para qualquer líder do PSD que venha a suceder a Rui Rio: o grupo parlamentar, grande parte dele escolhido a dedo pelo ainda presidente do partido, está coesa e dificilmente aceitará de ânimo leve a saída do presidente do grupo parlamentar agora eleito.
Em declarações aos jornalistas, Paulo Mota Pinto recusou dizer se colocará o lugar à disposição quando o próximo líder do PSD assumir funções, dizendo repetidamente que a questão era “prematura“.
Resta saber qual será o entendimento do sucessor de Rui Rio. Na apresentação da candidatura, Luís Montenegro evitou dizer o que faria se fosse escolhido como presidente do partido, prometendo “coordenação total” e um “trabalho muito profícuo” com o grupo parlamentar. Jorge Moreira da Silva, que já fez saber que vai entrar na corrida, ainda não apresentou a candidatura.
Com Paulo Mota Pinto foram também eleitos como vices da bancada parlamentar André Coelho Lima, Ricardo Baptista Leite, Hugo Carvalho, Catarina Rocha Ferreira e Paulo Rios de Oliveira, o que significa que o próximo líder do PSD terá de lidar necessariamente com uma herança pesada do rioísmo na Assembleia da República, como explicava aqui o Observador.
André Coelho Lima é vice-presidente do PSD e uma das figuras mais influentes junto de Rui Rio. Ricardo Baptista Leite (que transita da anterior direção) foi promovido à primeira liga do combate político pelo ainda presidente do partido. Catarina Rocha Ferreira também transita da anterior direção da bancada. Hugo Carvalho foi uma das grandes apostas de Rui Rio. Paulo Rios de Oliveira ganhou mais protagonismo nestas últimas legislativas, Fátima Ramos, de Coimbra, e Paula Cardoso, de Aveiro, foram escolhidas nestas legislativas.
A representação do rioísmo não se esgota aqui. Como secretários do grupo parlamentar, Mota Pinto manteve Hugo Carneiro, secretário-geral adjunto do PSD e um dos homens de maior confiança de Rui Rio, e escolhe ainda Sofia Matos, cabeça de lista pelo Porto nas últimas legislativas, candidata derrotada à liderança da JSD apoiada e uma das grandes apoiantes de Rio na última campanha.