A versão ucraniana de um cruzamento entre os galos de Barcelos e as peças de Rafael Bordalo Pinheiro: são assim os galos de porcelana oferecidos este sábado a Boris Johnson e a Volodymyr Zelensky, na deslocação do primeiro-ministro britânico a Kiev.

Foi enquanto os dois líderes caminhavam nas ruas da capital ucraniana, rodeados de soldados armados, que uma mulher lhes ofereceu as peças de porcelana, que são vistas como um símbolo da resistência ucraniana, conta o The Guardian.

Sou de Londres”, afirmou Boris Johnson, quando recebeu a peça de cerâmica, ao que a mulher, sorrindo, lhe disse: “Eu sei, eu sou de Kharkiv.”

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Os galos de porcelana ganharam fama mundial quando a foto de uma destas peças, empoleirada metros acima do chão num armário que aguentou vários bombardeamentos, circulou nas redes sociais. Um outro detalhe fazia a diferença: o móvel manteve-se no lugar, mas o prédio ruiu quase na totalidade.

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Esta peça é conhecida na Ucrânia como Galo Vasylkiv, em homenagem à localidade com o mesmo nome, perto de Kiev, e onde existe a tradição de produzir majolica, um tipo específico de olaria. Segundo a Euronews, o Galo Vasylkiv foi desenhado pelo artista Prokip Bidasyuk, sendo presença habitual nas cozinhas ucranianas entre as décadas de 1950 e 1970.

Na cultura popular ucraniana, o galo é visto como um símbolo de resistência e recomeço e está associado ao fogo. Segundo a Euronews, um ditado ucraniano dita que “sem um galo, uma casa é surda“.

O ‘milagre’ do galo que aguentou um bombardeamento aconteceu na cidade de Borodianka, localizada 60 quilómetros a noroeste de Kiev, onde os cidadãos, segundo uma publicação de Zelensky no Telegram, viveram um cenário “muito pior” do que em Bucha.

No dia 6 de abril, um corresponde da BBC afirmou que de todas cidades situadas a noroeste de Kiev, como Bucha e Irpin, Borodianka era aquele que apresentava mais danos causados pelo exército russo.