Em 1989, o setor agrícola em Portugal contava com 1,5 milhões de trabalhadores. Em 2019 o número de agricultores era de apenas 650 mil, ou seja, o setor agrícola em Portugal perdeu, em média, 30 mil trabalhadores por ano, segundo dados divulgados pela Pordata que, no Dia da Produção Nacional, fez um raio-x ao setor agrícola nacional. Meio milhão desses trabalhadores foram perdidos em dez anos, entre 1989 e 1999, depois da entrada do país na então Comunidade Económica Europeia.
Os dados compilados pelo Pordata dizem que a mão de obra agrícola é constituída por 364.866 homens e 283.386 mulheres, sobretudo, com idades acima dos 55 anos e com o ensino básico, conforme revelam os últimos dados disponíveis, reportados a 2019. O número de explorações agrícolas em Portugal caiu para metade nos últimos 30 anos, situando-se nos 300.000 em 2019.
O estudo revela, também, que a mão de obra no setor da Agricultura e Pescas está, também, entre as mais mal pagas do país. O salário médio neste setor de atividade foi de 823 euros em 2020, 21% abaixo do da média dos trabalhadores por conta de outrem (1.042 euros). Portugal é, igualmente, o quinto país da União Europeia com menos trabalhadores na agricultura por cem mil habitantes, só acima da Roménia, Bulgária, Grécia e Polónia.
O relatório mostra, ainda, que a agricultura é um setor onde se tem investido menos em comparação os primeiros anos após a entrada na União Europeia. Em 1988, por exemplo, foram investidos 1.461,2 milhões de euros em máquinas e materiais no setor e em 2020 o mesmo investimento foi de pouco mais de 400 mil euros.
A riqueza criada pelo setor em 2021 foi de 3,5 mil milhões de euros quando, em 1980, o Valor Acrescentado Bruto (ajustado) tinha chegado aos 8.183 milhões de euros. Contudo, os números mostram que 2021 foi o segundo melhor ano de produção agrícola deste século em valor, tendo sido alcançados 9,2 mil milhões de euros, um valor apenas superado em 2001.
Olival, cereais e vinha ocupam mais superfície
De acordo com o portal Pordata, em Portugal, as culturas agrícolas que, atualmente, mais superfície ocupam são o olival (4,1% do território), os cereais (2,3%) e a vinha (1,9%). Em 1986, o primeiro lugar era ocupado pelos cereais (9,5%), seguidos pelo olival (3,7%) e pela vinha (2,8%).
Já entre 1986 e 2020, “as principais leguminosas secas foram a cultura agrícola que perdeu mais superfície em termos relativos (-91%). Em contrapartida, os principais frutos de casca rija foram a cultura agrícola que mais superfície ganhou (+87%). As culturas agrícolas com maior produção são, atualmente, as principais culturas forrageiras (4,4 milhões de toneladas), as principais culturas para a indústria (1,3 milhões de toneladas), as culturas hortícolas (1,2 milhões de toneladas) e os cereais (um milhão de toneladas).
No que se refere à produtividade, destacam-se as principais culturas para a indústria, com 64.000 quilogramas (kg) por hectare (ha). Seguem-se as principais culturas forrageiras (31.000 kg/ha) e as hortícolas (27.000 kg/ha).
“O azeite é um produto tipicamente mediterrânico. Em 2020, Portugal foi o quarto maior produtor de olival (723.000 toneladas) entre oito países da União Europeia com produção nesse ano. A Espanha foi o maior produtor (8,1 milhões de toneladas), seguida por Itália (2,2 milhões de toneladas) e Grécia (1,3 milhões de toneladas”, lê-se no documento.
Portugal atingiu em 2019 o recorde da produção de azeite, com 1,5 milhões de hectolitros. No ano seguinte, Portugal foi o quinto maior produtor de vinha (853.000 toneladas) na UE, considerando os 19 países produtores em 2020, sendo que Itália foi o maior (8,2 milhões de toneladas).
“A vinha ocupa 176.000 hectares, o equivalente á área do município de Odemira. Contudo, a superfície de vinha encolheu mais de 82.000 hectares desde 1986. Quase metade da área de vinha encontra-se no Norte”, exemplificou.
A produção de vinho ascendeu a 7,4 milhões de hectolitros em 2021, o valor mais alto desde 2006, sendo que mais de dois terços do vinho é tinto ou rosado e um terço é branco. As regiões com maior produção de vinho são o Douro (22% do total), Oeste (16%), Alentejo Central (13%), Lezíria do Tejo (9%) e Área Metropolitana de Lisboa (9%).