Já foram confirmados 37 casos de infeção pelo vírus monkeypox, responsável pela doença conhecida por varíola dos macacos, em Portugal. O número foi avançado ao Observador por Margarida Tavares, diretora do programa de saúde prioritário para a área das infeções sexualmente transmissíveis e infeção pelo vírus da imunodeficiência humana. Há mais casos suspeitos a aguardar resultados.
Trinta e cinco destes casos foram detetados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Há um caso positivo na região Norte e outro no Algarve. Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), que entretanto confirmou os dados em comunicado, todas as amostras pertencem ao subgrupo menos agressivo do vírus monkeypox — o que circula na África Ocidental.
São mais 14 casos confirmados ao longo do fim de semana, por testes realizados no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). O último balanço das autoridades de saúde, oficialmente publicados na sexta-feira, apontavam para um total de 23 casos de infeção pelo vírus monkeypox desde que um surto de varíola dos macacos foi detetado em Portugal.
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) até às 13h de 21 de maio davam conta de quase cem casos identificados em 12 países onde a doença não é endémica: Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos. Os países que mais casos comunicaram às autoridades de saúde internacionais são Portugal, Espanha e Reino Unido.
Entretanto, esta segunda-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) confirmou que há 85 casos confirmados na União Europeia e recomendeu aos países que atualizem os meios de rastreio e diagnóstico.
Num relatório de avaliação de riscos citado pela Lusa, o ECDC pede aos países que se “concentrem na rápida identificação, gestão, localização de contactos e notificação de novos casos de Monkeypox”. E já veio avisar que os países devem identificar e isolar os casos confirmados de infeção.
Já a Organização Mundial de Saúde relativizou a situação, garantindo que, fora de países em que a situação é endémica, é possível travar a transmissão: “Pode ser contida”.
Em Portugal, a DGS avisou que quem apresentar úlceras, erupções cutâneas e gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, deve procurar ajuda médica. As pessoas com sintomas condizentes com a varíola dos macacos abster-se de contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto tiverem sintomas.
Bélgica impõe quarentena
As recomendações ou até obrigatoriedade de isolamento já estão a ser aplicadas noutros países. No Reino Unido, as autoridades de saúde recomendaram o isolamento de contactos de alto risco — quem esteve em contacto direto ou reside com um caso confirmado de Monkeypox — por 21 dias.
No caso da Bélgica, o país, que tinha esta segunda-feira quatro casos confirmados, torna-se mesmo o primeiro a introduzir uma quarentena obrigatória, também de três semanas, para casos confirmados de infeção.
Reino Unido reporta mais 36 casos
O Reino Unido registou, nas últimas horas, mais 36 casos de varíola dos macacos, contabilizando-se 56 desde o início do surto. A Escócia reportou a sua primeira infeção, enquanto os restantes contágios foram contabilizados em Inglaterra. De acordo com a Sky News, as autoridades de saúde britânicas, este surto é “significativo e preocupante”, embora o risco para a população seja baixo.