Uma goleada a abrir frente à Escócia, uma vitória robusta com a Suécia, um apuramento quase garantido para os quartos. A participação de Portugal na fase final do Campeonato da Europa de Sub-17 dificilmente podia ter melhor arranque, com a Seleção de José Lima (que não esteve no banco no primeiro encontro por estar a recuperar da infeção por Covid-19) a mostrar uma enorme facilidade em comandar as partidas e criar muitas oportunidades de finalização ao mesmo tempo que tinha falhas momentâneas que davam golo ao adversário e que em fases mais adiantadas da competição poderiam ter outras consequências. Era por isso que, mesmo sendo necessário apenas um ponto para a passagem aos quartos do primeiro grupo, o jogo frente à Dinamarca era encarado como mais uma “final” a apontar à vitória corrigindo esses erros. No entanto, aquilo que se viu depois na prática teve pouco ou nada a ver com o que se dizia na teoria.

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“Claramente o objetivo tem que ser trabalhar para ganhar porque, se se joga para empatar, a probabilidade de sofrermos um golo e de já não conseguirmos retificar esse golo sofrido é grande. Mesmo os jogadores sabem que não se podem desleixar. O objetivo é vencer mas claramente que se não pudermos ganhar, também não o podemos perder. Mas, reforço, o objetivo é claramente ganhar”, adiantara o selecionador no lançamento de uma partida jogada ao mesmo tempo do Suécia-Escócia que podia até “dispensar” qualquer ponto para a qualificação em caso de vitória ou empate dos britânicos (mas que valia a descida a segundo).

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“A Dinamarca é um adversário com muita qualidade, que não tem medo de ter bola. Joga através de muitas combinações e arrisca, porque faz parte do padrão de jogarem. Esperamos um jogo muito difícil. Teremos que estar concentrados, fazer o nosso jogo quando temos bola, mas quando não tivermos sermos uma equipa forte, para conseguirmos recuperar o mais rapidamente possível, senão vamos ter mais dificuldades. Eles dependem apenas deles, tal como nós dependemos apenas de nós, portanto há um grande jogo em perspetiva. Vamos tentar ser melhores que os dinamarqueses e fazer tudo o que está ao nosso alcance para ganharmos que é sempre o nosso objetivo”, acrescentara ainda o treinador.

Já com os possíveis adversários nos quartos conhecidos depois do empate entre Espanha e Sérvia aos 88′ que colocou os balcânicos no segundo lugar do grupo C e relegou a Bélgica para fora de prova (embora tenha estado virtualmente qualificada até ao 1-1 no outro jogo), José Lima promoveu de novo alguma rotatividade na equipa: fez regressar à baliza Diogo Conceição em vez de Francisco Silva; apostou de novo em João Conceição como lateral direito e fez descansar João Muniz dando hipótese a Luís Gomes; trocou Djaló por Rafael Luís no meio-campo libertando mais João Veloso para ações ofensivas; e poupou Afonso Moreira na frente, voltando a apostar em Ivan Lima com Rodrigo Ribeiro e Dinis Rodrigues. No final, calhou em sorte a Espanha nos quartos. E foi tudo menos azar: Portugal fez a pior exibição na prova, foi uma sombra do que conseguira até aí e perdeu por dois golos (3-1), acabando em segundo.

A Dinamarca conseguiu entrar globalmente melhor, assumindo mais a posse e criando uma oportunidade no quarto de hora inicial aproveitando um erro de Diogo Fernandes após cruzamento da esquerda que o próprio guarda-redes conseguiu depois resolver (13′). Dinis Rodrigues, após assistência de Ivan Lima, fez o primeiro remate de Portugal só aos 20 minutos mas nem assim a Seleção melhorou muito a sua exibição no plano ofensivo, com pouca capacidade de saída em transições do que nos encontros anteriores. No entanto, e até ao intervalo, imperou a eficácia: os dinamarqueses tiveram algumas aproximações com má finalização ou a falhar no último passe, o conjunto nacional marcou na única chance que teve até ao final do primeiro tempo, com Ivan Lima a acelerar lançado por Leonardo Barroso para o remate ao ângulo (30′).

Esperava-se uma equipa portuguesa mais forte, mais consistente e com maior capacidade de controlar o jogo na segunda parte e, mesmo jogando sobretudo em transições, Rodrigo Ribeiro ameaçou por duas vezes um golo que iria quase “matar” a partida mas acabou por ser a Dinamarca a chegar mesmo ao empate, num remate na área de Nartey após assistência de Sahsah (62′). Os dinamarqueses estavam no segundo lugar à condição mas esse cenário manteve-se apenas por uns minutos, com a Suécia a marcar à Escócia e a subir aos lugares de apuramento. Contudo, a história não ficaria por aí e Sörensen, aproveitando mais um erro do eixo central recuado, apareceu isolado para fazer a reviravolta (70′). Portugal estava ainda em primeiro lugar e podia ter ficado de novo isolado depois de Sander tirar o empate a Vivaldo Semedo mas mais um erro nas marcações num livre lateral, com um autogolo de Luís Gomes, deu mesmo o 3-1 final.