O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou este sábado na Amora, no Seixal, que o Governo está empenhado na revalorização das carreiras médicas para evitar cada vez mais o recurso a médicos em regime de prestação de serviços.

“Estamos a fazer um esforço no sentido de revalorizar as carreiras, no sentido de revalorizar estes colegas na área da medicina geral e familiar. É muito importante para nós esta cobertura de médicos de medicina geral e familiar, no sentido de revalorizar unidades de saúde familiar”, disse António Lacerda Sales.

O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde deu como exemplo a atribuição de “incentivos pecuniários e não pecuniários” e “projetos de carreira” para os médicos, assegurando que também existe a preocupação de recorrer cada vez menos a médicos em prestação de serviços, preocupação que diz estar “bem plasmada no artigo 37 da Lei do Orçamento de Estado de 2022”.

“Acabei de falar de um artigo do Orçamento de Estado que tem exatamente essa preocupação, que é de conseguirmos, gradualmente – mas tem que se perceber que é um processo que tem de ser feito gradualmente -, de irmos substituindo prestações de serviços por contratação de médicos em trabalho subordinado nas instituições”, acrescentou o secretário de Estado.

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António Lacerda Sales, que falava aos jornalistas durante uma visita ao projeto “Saúde no Bairro”, na Amora, concelho do Seixal, no distrito de Setúbal, lembrou, no entanto, que Portugal se debate com a falta de médicos, pelo que essa estratégia para recorrer cada vez menos a médicos em regime de prestação de serviços “depende da regulação do mercado, da oferta e da procura”.

O projeto “Saúde no Bairro”, que está a ser desenvolvido pela Associação Vencer o Tempo, no bairro dos Corticeiros, onde residem cerca de 2.000 pessoas, parte das quais eram trabalhadores e trabalhadoras da antiga corticeira Mundet, pretende sensibilizar a comunidade para a procura de cuidados de saúde e promover rastreios do cancro do colo do útero, diabetes, audição, visão e de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros que sejam considerados oportunos.

Questionado sobre as conclusões do relatório da DGS, segundo o qual a covid-19 só explica dois dos seis picos de mortalidade ocorridos entre dezembro de 2019 e janeiro de 2021, António Lacerda Sales defendeu que “a mortalidade não deve ser avaliada nem analisada isoladamente, ano a ano”

“Deve ser avaliada num corte, num determinado número de anos, para que se possa fazer uma análise mais detalhada, mais gradual, mais progressiva, daquilo que são, de facto, as verdadeiras causas dessa mortalidade. Devemos esperar por outros estudos da Direção Geral de Saúde, estudos que façam uma avaliação no tempo e durante um conjunto de anos, para que depois se possam tirar as conclusões corretas sobre essa mortalidade”, disse.

Sobre a evolução da Monkeypox (varíola dos macacos), com 74 casos de infeções confirmadas em Portugal, António Lacerda Sales diz não haver motivo para alarme, mas considera que é preciso prevenir comportamentos de risco.

“As pessoas que perceberem que têm a sintomatologia devem manter medidas de autoisolamento. Não havendo motivos para alarme, nesta fase, devemos, de uma forma tranquila e serena, monitorizar e fazer a avaliação”, disse o governante, lembrando que o INSA (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) está a fazer o acompanhamento dos casos de infeção em tempo real.