A exposição “Manoel de Oliveira Fotógrafo” que dá a conhecer uma faceta desconhecida do realizador que, paralelamente ao cinema, era apaixonado por fotografia, estará patente em França a partir de sábado.
“Manoel de Oliveira Fotógrafo” — que esteve patente em Serralves, no Porto, entre outubro de 2020 e junho de 2021, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, entre outubro de 2021 e janeiro de 2022 — junta cem fotografias, na sua maioria inéditas, tiradas entre os anos de 1930 e 1950.
De acordo com a Fundação de Serralves, num comunicado divulgado esta segunda-feira, a exposição pode ser visitada na Villa Tamaris, em La Seyne-sur-Mer, localidade no sul de França, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França.
As imagens, “guardadas durante várias décadas e na sua maioria inéditas”, “revelam uma faceta desconhecida de Oliveira, abrindo novas perspetivas sobre a evolução da sua obra cinematográfica”.
Ao todo, são 120 fotografias que, através da lente de uma Leica, percorrem vários géneros e temáticas — paisagens, retratos e naturezas mortas, referências ao Porto, a sua cidade, mas também imagens do circo e de aviação que, além da preocupação estética, mostram a grande curiosidade do realizador pela fotografia e o seu interesse pelos fenómenos óticos.
São imagens originárias do acervo de Manoel de Oliveira, integralmente depositado em Serralves, “algumas organizadas pelo realizador e outras que estavam dispersas”, contou o curador da exposição, António Preto, à Lusa, aquando a inauguração em Serralves.
“Percebemos que havia toda uma produção desconhecida de imagens dos anos 1930 até aos anos 1950. Esse acervo tem vindo a ser trabalhado. Estamos a fazer a classificação arquivística de toda a documentação. Vamos avançar em breve com a digitalização”, acrescentou o também diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
Entre as fotografias que integram a mostra, algumas evidenciam a relação com o modernismo, que caracteriza a primeira fase de produção cinematográfica de Manoel de Oliveira, como as relacionadas com o filme “Douro, Faina Fluvial”, de 1931.
Tiragens originais da época, algumas com impressões feitas pelo próprio Manoel de Oliveira e outras que resultam de ampliações de negativos que existiam no acervo, no conjunto, as imagens que compõem a exposição também explicam melhor o modo como realizador de “Aniki-Bóbó” (1942) passou a assegurar a direção fotográfica dos seus próprios filmes.
“Hulha Branca” (1932), “Já se fabricam automóveis em Portugal” (1938) e “Famalicão” (1941) são outros dos filmes de Manoel de Oliveira que encontram relação com as fotografias expostas.