São conhecidas as atribulações pelo caminho. Atenuadas polémicas e estados de graça pouco convincentes ao longo de décadas, Camilla ocupa hoje o luminoso posto de futura rainha consorte. Inquestionável parceira do herdeiro do trono, o príncipe Carlos, o tempo parece ter trazido pacificação no contexto doméstico e um inesperado crescendo de popularidade entre súbditos.

Não por acaso, e no rescaldo dos festejos do Jubileu de Platina de sua majestade Isabel II, há novo marco a assinalar: a 17 de julho, a duquesa da Cornualha chega à distinta marca dos 75 anos e, em jeito de celebração antecipada, foi convidada pela edição britânica da revista Vogue para fazer capa da edição do mês que se segue. “Convidámos a nossa futura rainha consorte para se sentar connosco e dar uma entrevista sobre o seu trabalho e vida neste ano especial para a família real. A duquesa pode ser uma das mulheres mais reconhecíveis do mundo, mas ela também é uma das mais enigmáticas. À medida que se aproxima de outro capítulo, temos o prazer de marcar a sua estreia na Vogue com os retratos íntimos do fotógrafo Jamie Hawkesworth. Eles capturam não apenas um momento no tempo, mas também um momento na história,” escreve na sua página pessoal Edward Enninful, editor-chefe da publicação.

Online, é possível ter acesso ao resultado da conversa que Giles Hattersley manteve com a duquesa, cujo sentido de humor começou por pautar o encontro: “Desculpe ter que vir fotografar uma velhota esta manhã”, terá gracejado Camilla à chegada da equipa de reportagem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi em Clarence House, a residência oficial em Londres do casal Carlos e Camilla, que decorreu este encontro, em abril passado, com a duquesa a revelar que escolheu para a ocasião um vestido Bruce Oldfield Couture – “que, como todas as roupas que usa para a nossa sessão, é tirado do seu próprio guarda-roupa”, descreve a revista.

© Vogue

Entre livros empilhados numa mesa e uma harpa dourada no canto da sala, não faltam, claro, as fotos de família. Nas molduras surgem uns “radiantes príncipes William e Harry nos seus vinte e poucos anos em preto e branco; o príncipe de Gales com o uniforme escarlate dos guardas galeses; e, no lugar mais destacado, o duque e a duquesa de Sussex no dia do seu casamento”. Mas quem melhor acaba por sair no retrato, após tantos altos e baixos, é a própria entrevistada. “Depois de quase 20 anos de especulação, ele finalmente chegou: o último selo de aprovação da ‘chefe’. Como em grande parte da sua vida, a Duquesa navegou em águas desconhecidas: foi a primeira pessoa divorciada a casar-se com o herdeiro ao trono britânico sem descarrilar a ascensão; uma sobrevivente do pântano de tabloides britânicos do final do século XX; uma potencial futura rainha com filhos, netos e uma vida própria fora da “empresa”. Vale a pena notar que a duquesa tem tido um relacionamento formal com seu agora marido por quase 25 anos, e tem sido um membro ativo da família real durante a maior parte das duas décadas.”

“Ela brilhou no momento em que entrou aqui”, elogia a jornalista de moda e stylist Kate Phelan, enquanto  Gilles destaca o “seu tom aristocrático – do tipo que só é alcançado quando se nasce num certo ponto do tempo e da classe – o que pode ter o bónus de fazê-la soar deliciosamente seca.” É esse o registo quando Camilla admite que, chegada a esta fase e perante o desafio colocado pela Vogue, pensou: “porque não?”. Não que a mulher que acompanha formalmente Carlos há 17 anos seja entusiasta de grandes celebrações no aniversário. “Realmente, quem quer ter 75 anos? Mas não há nada que possamos fazer sobre isso. É vida”