A central fotovoltaica do Cercal, um dos grandes projetos de energia solar previstos para o litoral Alentejano, recebeu a luz verde final da Agência Portuguesa do Ambiente, refere um comunicado da empresa promotora. A Aquila Clean Energy, empresa de capitais alemães, indica que foram introduzidas mudanças substanciais na sequência das condicionantes apontadas pela declaração de impacte ambiental favorável emitida no ano passado.

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Uma das principais mudanças, respondendo aliás à contestação das populações locais, é o maior afastamento dos painéis das zonas habitacionais, cumprindo uma distância mínima de 250 metros em relação às casas, o que, diz a Aquila, representa pelo menos cinco vezes mais que o inicialmente previsto, que eram apenas 50 metros. A empresa sublinha ainda que não serão cortadas árvores para a instalação da central e que, de acordo com as medidas de mitigação de impactos definidas pela APA, será criada uma cortina verde em redor dos painéis e no seu interior. Esta cortina resultará da plantação de seis mil árvores no local.

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A reconfiguração do projeto visou ainda permitir a coexistência entre atividades agrícolas, o pastoreio e agentes polinizadores, não estando prevista a impermeabilização do solos na área da central, minimizando o uso de cimento para permitir que a chuva entre no solo. A área inicial de instalação do projeto foi entretanto reduzida.

A central do Cercal tem uma capacidade instalada de 275 MW e deverá entrar em exploração em 2024, prevendo-se que a energia produzida possa abastecer 141 mil casas.  A proximidade da instalação a zonas habitacionais e atividade de turismo rural e alojamento turístico suscitaram fortes críticas por parte de alguns moradores que lançaram uma campanha contra o projeto que aliás não é o único de grandes dimensões previsto para o concelho de Santiago do Cacém.

A central de São Domingos iria ocupar mais de 1.200 hectares, mas teve também de reconfigurar a sua dimensão por indicação da APA. Ainda assim o projeto que foi a consulta pública no ano passado previa a instalação de quase dois milhões de painéis fotovoltaicos distribuídos por quatro parques com potência de 1.000 megawatts e um investimento de mil milhões de euros. A central THSIS da promotora Sunshining não tem ainda luz verde da APA.