Foi o mérito, e não ligações políticas, que levaram a que montantes elevados de fundos europeus fossem injetados nas suas empresas. Mário Ferreira, dono da empresa Douro Azul (e também da TVI), garantiu ainda, em entrevista na SIC, nesta sexta-feira à noite, que nada houve de ilegal na venda do navio Atlântida. O empresário do Norte foi constituído arguido no âmbito do Caso Ferry, depois da Douro Azul ter sido alvo de buscas, na quarta-feira, da Autoridade Tributária e do DCIAP, no Porto, no Funchal e em Malta.
Empresário Mário Ferreira já foi constituído arguido no Caso Ferry
“Somos um grupo idóneo e não brincamos com os números como vocês insinuam”, disse Mário Ferreira, que, durante a entrevista, considerou que a sua imagem, e a das suas empresas, “está a ser massacrada por vingança de um pateta”, não detalhando a quem se referia.
No caso Ferry investigam-se suspeitas de fraude fiscal na venda do navio Atlântida — um novo inquérito, autonomizado pelo Ministério Público, que resulta de uma certidão extraída de um processo negocial que envolvia os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a subconcessão ao Grupo Martifer.
Segundo as explicações de Mário Ferreira, quem devia estar a ser investigado era o grupo de gestores públicos que tratou do processo “de um navio construído pelo Estado para ser comprado pelo Estado e que foi recusado pelo Estado”, disse, referindo-se à recusa do Governo dos Açores de ficar com o Atlântida, alegadamente por questões de velocidade.
Mário Ferreira pede para ser arguido. A carta que escreveu ao Ministério Público
O custo de adjudicação terá rondado os 40 milhões, argumentou o empresário, aos quais foram empolados “custos fictícios”. É já depois da ser recusado pelos Açores, que é feita uma nova avaliação ao navio. “A compra acontece quase 5 anos depois, estava o navio abandonado no Alfeite”, afirmou Mário Ferreira, estando em mau estado de conservação, com “dezenas de toneladas de marisco agarrado, ferrugem”, não estando operacional — o que justifica o preço a baixo do mercado a que comprou a embarcação. “A gestão pública foi um desastre.”