Portugal registou um excesso de mortalidade entre 7 e 13 de julho correspondente a 238 óbitos, atribuídos à onda de calor que se verifica no continente nos últimos dias, anunciou esta quinta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Neste caso concreto, este excesso pode ser atribuído à onda de calor. De facto, temos tido nos últimos dias temperaturas extremas muito elevadas, quer as máximas, quer as mínimas, e por um período bastante prolongado”, disse a diretora-geral da Saúde à agência Lusa.
Segundo Graça Freitas, quando se analisa a mortalidade observada num determinado período com a mortalidade que seria esperada se não houvesse essa onda, há mais óbitos, o que “não quer dizer que essas mortes fossem evitáveis”.
Em (pelo menos) 42 anos não houve um junho com tantas mortes como o deste ano
De acordo com a diretora-geral da Saúde, caso se mantenham os fenómenos meteorológicos idênticos aos que se têm registado nos últimos dias, é previsível que “continue a acontecer um número de mortes superior àquele que seria esperado se não houvesse calor” extremo.
Graça Freitas salientou que, para isso, é relevante o facto de as temperaturas mínimas também estarem elevadas, assim como a duração da onda de calor, o que causa um impacto maior do ponto de vista fisiológico.
Segundo referiu, as pessoas mais fragilizadas são mais atingidas por esta situação, sobretudo, idosos que, em regra, acumulam várias doenças, mas também crianças e pessoas com doenças crónicas.
“O calor interfere sobre essas patologias, caso das doenças respiratórias e cardiovasculares, descompensando as doenças de base que as pessoas tenham”, alertou Graça Freitas, que reiterou o apelo para o acompanhamento próximo das pessoas mais vulneráveis nestas ocasiões.
A diretora-geral da Saúde salientou também a necessidade de manter a hidratação, principalmente dos grupos vulneráveis, que deve ser feita com a ingestão de oito copos de água por dia, “o mínimo necessário para manter o corpo hidratado”.
De acordo com a autoridade de saúde, os dados atuais disponíveis sobre as previsões meteorológicas apontam para a persistência de tempo muito quente e muito seco em Portugal continental.
O indicador-sentinela do efeito previsto das temperaturas elevadas do ar na mortalidade – o Índice Alerta ÍCARO, calculado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) – atingiu hoje o valor de 1,28, o que se traduz num impacto significativo na mortalidade causado por efeito da onda de calor.
A DGS ativou o grupo operativo do seu Plano de Contingência em 5 de julho, estando também acionadas as respostas regionais e locais.
Segundo explicou Graça Freitas, este plano prevê a articulação, no âmbito do Ministério da Saúde, com as estruturas de nível regional e local, que também têm os seus grupos operativos e os seus planos de contingência, recebendo os alertas que são emitidos.
Além disso, inclui um “grande plano de comunicação junto da população para que as pessoas entendam que, apesar de serem medidas aparentemente simples, podem fazer a diferença entre a vida e a morte”, como a questão da hidratação e o conforto térmico, referiu.
Estão também articuladas com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social intervenções junto dos lares “onde estão as pessoas mais vulneráveis” e em outras valências, como o apoio domiciliário, referiu.
“Isso são mecanismos que estão criados e depois são ativados sempre com parcerias dentro do Ministério da Saúde, hospitais e ACES, com a segurança social, com os mecanismos de proteção civil, com as autarquias”, entre outras entidades, explicou Graça Freitas.