Chegou, viu, jogou e venceu. Poucos dias depois de chegar a Lisboa e tendo já em cima 28 jogos oficiais na presente temporada pelo River Plate até ser eliminado nos oitavos da Taça dos Libertadores (com um total de dez golos e sete assistências), Enzo Fernández assumiu um lugar na equipa titular frente ao Nice, no jogo de abertura do Torneio do Algarve. Fez 30 passes certos (dois falhados), arriscou com sucesso três passes de rutura, conseguiu um desarme, cometeu uma falta, saiu ao intervalo na revolução promovida por Roger Schmidt com várias alterações quando a vantagem já era de 3-0 frente aos franceses. No final, e perante a entrada a todo o gás na realidade dos encarnados, o próprio assumia alguma surpresa pela opção.

“O treinador pediu-me para jogar em profundidade, que pressionássemos alto. Cheguei há poucos dias, tento assimilar tudo o que me dizem e aprender da melhor maneira. A adaptação está a ser boa. Os companheiros receberam-me bem. A verdade é que é um grupo fantástico e vamos continuar a trabalhar para melhorar. Senti muitíssimo o apoio dos adeptos. Continuamos a trabalhar para mostrar-lhes que merecemos esse carinho com tudo o que fazemos dentro de campo. Não esperava ser titular. Aqui existem muitos jogadores com qualidade, a trabalhar para o mesmo lugar. Estamos a trabalhar para a Champions, que é o nosso focal principal, e o técnico decidirá quem jogará”, comentou o jovem médio de 21 anos.

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O argentino funciona como exemplo paradigmático do ponto de preparação que o técnico alemão entende ser o ideal nesta fase: começar a definir uma base inicial para criar rotinas, aproveitar depois os encontros para esclarecer dúvidas sobre quem fica ou quem sai no plantel. E foi isso que voltou a acontecer no jogo com o Fulham, onde Schmidt trocou de início apenas Helton Leite por Vlachodimos na baliza mantendo os dez jogadores de campo que saíram na totalidade ao intervalo para dar lugar a uma outra equipa. Contudo, o plantel está longe de estar fechado. E até nessas opções iniciais nestes dois jogos estão elementos que em princípio estão de saída para darem lugar a outras contratações: guarda-redes (Vlachodimos), lateral esquerdo (Grimaldo), avançado (Gonçalo Ramos) e um número 10 (Weigl, não sendo uma troca direta).

Ainda existem vários processos por resolver mas sobre para já uma certeza: o Benfica tem outro figurino tático e trabalha em cima de uma nova ideia de jogo assente na pressão alta com uma reação rápida à perda, à largura dada pelos laterais e à verticalidade de movimentos na frente tendo dois médios mais fixos que vão alternando entre quem procura desequilíbrios na frente e quem garante os equilíbrios atrás. E foi isso que se voltou a ver na goleada diante dos ingleses de Marco Silva (que estrearam João Palhinha como titular), com mais uma primeira parte de gala que resolveu as contas até ao avolumar no segundo tempo.

O encontro começou praticamente com uma longa posse do Fulham a mostrar qualidade e o primeiro golo do encontro para o Benfica na primeira vez que chegou à área contrária. João Mário, que conduziu o lance pela esquerda até ao cruzamento para a área, Gonçalo Ramos, que falhou o remate mas acabou por fazer uma assistência, e Rafa, que bateu de primeira sem hipóteses para Paulo Gazzaniga, ficaram como os três intérpretes desse 1-0 logo no terceiro minuto mas tudo começou numa recuperação de Enzo Fernández no meio-campo ofensivo a lançar depois a transição rápida. Andreas Pereira, numa tentativa que saiu por cima (7′), e Mitrovic, que viu Otamendi antecipar-se quando preparava o remate na área (15′), ainda ameaçaram a baliza de Vlachodimos mas o Benfica dominava por completo a partida com outro andamento.

Essa era uma das particularidades do encontro e talvez a maior diferença entre as duas equipas: as ideias mais ou menos assimiladas estavam lá, a vontade de jogar em posse era comum mas a capacidade que os encarnados revelavam nos últimos 30 metros desequilibrava por completo a balança com Rafa a voltar a ser o jogador desequilibrador quando recebe a bola entre linhas e consegue virar para a baliza para aumentar a velocidade e com David Neres mais adaptado ao jogo da direita para o meio (ou caindo mesmo no corredor central para deixar a largura para Gilberto) a serem os principais destaques a par de Gonçalo Ramos, que marcou os dois golos no 3-0 ao intervalo: primeiro apareceu de forma oportuna ao primeiro poste para desviar de cabeça um canto de João Mário à esquerda (21′), depois só teve de encostar na área após assistência de Rafa num lance que começou com mais um bom passe de David Neres (30′).

De início tinham entrado Gilberto, Otamendi, Morato, Grimaldo, Florentino Luís, Enzo Fernández, David Neres, Rafa, João Mário e Gonçalo Ramos, para a segunda parte vieram Alexander Bah, António Silva, Vertonghen, Gil Dias, Weigl, Martim Neto, Chiquinho, Henrique Araújo, Diego Moreira e Yaremchuk. E se na partida com o Nice os suplentes lançados acabaram por não aproveitar da melhor forma a oportunidade, frente ao Fulham isso foi assim com Alexander Bah a mostrar que é uma peça válida para já e Henrique Araújo a deixar de novo a candidatura para assumir uma posição no ataque a breve prazo.

Assim, e depois de ter acertado no poste frente ao Nice, Yaremchuk voltou aos golos ainda no quarto de hora inicial da segunda parte, surgindo de cabeça ao segundo poste para desviar um cruzamento de Weigl na direita após mais uma segunda bola dos encarnados (57′). Mitrovic, a grande referência ofensiva do Fulham, ainda conseguiu reduzir de canto perante a passividade da defesa encarnada (61′) mas, quase de seguida, Henrique Araújo aumentou para 5-1 com um desvio na área após uma recuperação em zona adiantada com cruzamento tenso de Alexander Bah, de novo ligado a golos da equipa como já acontecera na estreia pelos encarnados ainda no estágio em Inglaterra diante do Reading (64′). Até ao final, Diego Moreira ainda acertou na trave mas o encontro estava fechado e agora com um troféu à mistura.