Cesar Millan é um nome mundialmente reconhecido pelos amantes de animais ou por simples curiosos em perceber como se “transformavam” cães raivosos em animais de estimação “perfeitos”.  Há uma década, a National Geographic decidiu cancelar um dos seus programas com mais audiências, “Dog Whisperer with Cesar Millan“, a chave da fama e sucesso do terapeuta mexicano.

Segundo o El Mundo, durante estes últimos dez anos, período durante o qual Millan acabou por desaparecer temporariamente do pequeno ecrã, reencontrou o amor, ajudou as famílias  que procuraram a ajuda dos seus “encantamentos”, escreveu sete livros e abriu um negócio: o primeiro centro de psicologia canina.

No seu canal do Youtube revela que a sua “clínica” fica numa quinta com dezoito hectares em Santa Clarita, Califórnia, onde tem um ginásio para cães, abrigos e um terraço para os donos que quiserem visitar. “Eu criei este lugar para que as pessoas possam encontrar um lugar seguro, em paz e amor, onde todos os animais convivam em harmonia”, explicou aos seus seguidores.

O amor de Millan pelos animais começou desde cedo e por culpa da Lassie e das aventuras Rin Tin Tin, dois desenhos animados sobre cães dos Estados Unidos da América que o fizeram pensar em mudar-se para o país vizinho. Passou a sua infância no estado de Sinaloa, Norte do México, e mais tarde mudou-se para a cidade à procura de uma melhor educação. Porém, depressa percebeu que a sua verdadeira vocação não tinha nada a ver com o que aprendia na escola.

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Numa entrevista à CNN em março deste ano, relembra o dia em que ia para um campeonato de judo, parou no meio calçada de Mazatlan e perguntou à sua mãe: “Tu achas que eu consigo ser o melhor treinador de cães do mundo?”. A resposta foi animadora: “ Tu podes ser tudo o que tu quiseres”.

Desde a adolescência, que o seu principal objetivo era ajudar os animais – e a verdade é que o cumpriu, fazendo de tudo para alcançar o seu sonho, incluindo atravessar de forma ilegal a fronteira americana. Com 100 dólares no bolso e um dia antes do natal de 1991 decidiu cometer a “loucura” da sua vida.

“Assim que se chega à fronteira, a primeira coisa que se vê são pessoas a querer aproveitar-se de nós. Podiam me vender, podiam me matar para vender os meus órgãos. Até um certo ponto, morrer era mais fácil do que atravessar para o outro lado”, confessou no Red Talk Table há quatro anos.

Nos seus primeiros tempos nos EUA, César Milan trabalhou como tosquiador de cães e acabou por conhecer a mulher de Will Smith – Jada Pinkett Smith – que o ajudou a aprimorar o seu inglês. Passou por várias residências caninas onde estudou e, em 2002, conseguiu abrir o seu primeiro centro de reabilitação de cães agressivos.

Uma reportagem publicada pelo Los Angeles Times sobre o seu trabalho chamou a atenção do NationalGeographic. Daí nasceu a ideia do programa que durou de 2004 a 2011 e lhe concedeu a alcunha que até aos dias de hoje o acompanha, “ o encantador de cães”. A vida profissional de Millan era um sucesso, mas o mesmo não acontecia na vida privada e o treinador de cães enfrentou uma profunda depressão em 2010.

A morte do “companheiro de uma vida”

Anos mais tarde e já noivo da sua atual namorada, a estilista Jahira Dar, confessa que o ano de 2010 foi o pior ano da sua vida. O seu pitbull mais velho, “o seu companheiro de uma vida” como o define, morreu e a mãe dos seus dois filhos pediu-lhe o divórcio. Millan confessa que brincava feliz com os animais em frente às câmaras, sorria quando as suas técnicas resultavam, mas o seu lar estava a desmoronar-se.

“Eu tive pensamentos suicidas devido ao sentimento de fracasso. Este sentimento de falhar e não ser bom o suficiente. Não conseguia falar comigo próprio, achava que ninguém me amava, e a minha família acabou de se ir embora…Era como se a nossa casa estivesse a arder e não pudesse fazer nada”, confessou o treinador.

De acordo com o El Mundo, atualmente, prefere deixar a sua vida pessoal longe das holofotes e usa o tempo para falar dos seus mais recentes projetos sempre centrados nos cães: Better human Better dog é a sua recente aposta na televisão transmitida na National Geographic e na Disney +.

“Nesta série abro as portas da minha quinta para transformar os cães, bem como os seus donos. Tenho um espaço reservado onde podemos desenvolver todas as atividades e os “humanos” podem até ficar para descansar, porque quero ter certeza de que, quando acordarem eles aprenderam todas as fórmulas corretas que devem aplicar com seus cães.” explicou no ano passado. Nos dias que decorrem, é este projeto que o ajuda a financiar a sua enorme quinta.