O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) defendeu esta quarta-feira uma análise a todo o processo de combate ao incêndio que começou no sábado, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco), e alastrou para Manteigas e Gouveia (Guarda).

Era importante verificar-se todo o processo de combate a este incêndio (…) até para reforçar a confiança das nossas populações em quem nos orienta e quem orienta os nossos bombeiros”, afirmou à agência Lusa Luís Tadeu, também presidente da Câmara de Gouveia.

Insistindo na elaboração de “um estudo independente de análise” do combate a este incêndio, Luís Tadeu referiu haver “coisas que não se percebem”.

“Não pode o vento justificar tudo. E, portanto, é preciso analisar”, declarou, sustentando que “não interessa os culpados, porque o mal está feito, mas interessa apurar” o que foi feito e se foi feito no momento oportuno e corretamente, para se ter a certeza de que “o processo de combate a este incêndio foi o mais eficaz, adequado”.

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O presidente da CIM-BSE assinalou haver “coisas muito estranhas neste processo” em que muitas pessoas “viram as suas vidas ameaçadas pelo fogo” e “há povoações e concelhos que ficaram praticamente dizimados por este incêndio”.

Não pode haver um empurrar de culpas ou de responsabilidades para outros que não serão aqueles que são, supostamente, formados, orientados, têm alguma capacidade profissional na orientação do combate a estes incêndios”, declarou, referindo que se vê “no terreno, muitas vezes, descoordenação completa, com os bombeiros parados à espera que deem as ordens e o tempo a passar e o fogo andar”.

Reafirmando haver “coisas muito estranhas que estão a acontecer ao longo de todo este processo, na rapidez da tomada de decisões, nas decisões que foram tomadas e as consequências que tais decisões ou a ausência dessas decisões tiveram na progressão do incêndio”, o presidente da CIM-BSE frisou ser “muito importante que, desta vez, fosse efetuado um estudo como deve ser a todo o filme do incêndio, para ver se, em cada momento com o conhecimento e com as informações que eram detidas por quem tinha de decidir, se foram, efetivamente, tomadas as melhores decisões”.

Sobre o impacto deste fogo, Luís Tadeu classificou como “uma desgraça completa”, destacando que “foram atingidas áreas que eram Património da Humanidade e que foram completamente dizimadas”.

O incêndio deflagrou às 03h18 de sábado, na localidade de Garrocho, freguesia de Cantar-Galo e Vila do Carvalho, no concelho da Covilhã (Castelo Branco), e alastrou para Manteigas e Gouveia, no distrito da Guarda.

Incêndios. Mais de uma centena de bombeiros combate fogo na Covilhã

Esta quarta-feira, às 18h40, estavam no terreno 1.137 operacionais, apoiados por 356 viaturas e quatro meios aéreos, segundo o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Integram a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela os municípios de Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Guarda, Gouveia, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia e Trancoso.

O Estrela Geopark inclui parte ou a totalidade dos nove municípios que se estruturam em torno da serra da Estrela (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia), segundo o seu sítio na Internet.

Este é um Geopark Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Foi classificado em 2020.