Em 2017, Larry Fink, presidente da gestora de ativos BlackRock, dizia que a bitcoin era um “índice de lavagem de dinheiro”.

“A bitcoin mostra apenas o nível de procura mundial de lavagem de dinheiro”, salientava o responsável num encontro do Institute of International Finance.

Nesta altura, a bitcoin valia 5.800 dólares, conforme registado, a 13 de outubro de 2017, pela CNBC.

Larry Fink abordou a criptomoeda desta forma depois de Jamie Dimon, CEO da JP Morgan Chase, ter dito que “se forem suficientemente estúpidos para comprar bitcoins, vão pagar o preço um dia destes”.

Cinco anos depois, a BlackRock anunciou esta semana que vai lançar um fundo de investimento à vista, para investidores institucionais nos Estados Unidos da América (os reguladores norte-americanos têm vindo a rejeitar a autorização de produtos para os investidores de retalho), indexado à bitcoin. “Apesar da profunda depressão do mercado de ativos digitais, continuamos a verificar um interesse significativo por parte dos clientes institucionais na procura de acesso a estes ativos de forma eficiente e económica utilizando a nossa tecnologia e portefólio de produtos”, explicou num comunicado colocado no seu blog.

Também recentemente a BlackRock tinha anunciado uma parceria com a Coinbase, a maior corretora de criptomoedas, para oferecer aos clientes institucionais acesso a tokens e criptomoedas na sua aplicação de gestão de portefólio da BlackRock, Aladdin, através da Coinbase Premium.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A BlackRock defende, agora, que a bitcoin é o “criptoativo mais antigo, maior e com maior liquidez e é, atualmente, o principal foco de interesse dos nossos clientes no espaço dos criptoativos. Excluindo as stablecoins [indexadas normalmente a um ativo — a maior parte ao dólar], bitcoin corresponde a cerca de 50% da capitalização desta indústria”.

Larry Fink, CEO da maior gestora a nível mundial, com ativos sob gestão de pouco menos de 10 biliões, já tinha vindo a admitir que a guerra na Ucrânia iria fazer os países reequacionarem as suas dependências em relação às moedas que têm em reserva.

Com este movimento a BlackRock coloca-se na concorrência direta com a Grayscale, o maior veículo de investimento em criptomoedas. Conforme aponta o Financial Times, esta decisão da BlackRock segue-se a outras gestoras de fundos que têm cravado mãos neste mercado, como é o caso da Schroders, que tomou uma participação na Forteus, que está muito ativa no mercado das criptos. A Fidelity também anunciou que vai passar a permitir aos investidores que adicionem criptomoedas nos seus portefólios.

A bitcoin vale hoje um pouco mais de 24 mil dólares, depois de em março ter estado na casa dos 47 mil dólares. Mas os últimos meses trouxeram pressão sobre as criptomoedas, depois do colapso da Terra/Luna e mais recentemente da Celsius.

The winter is coming. Criptomoedas em nova prova de fogo