Jogos Olímpicos, Campeonato do Mundo, Europeus. Rosa Mota tinha conseguido esse feito na maratona na década de 80 com ouro no Campeonato da Europa de Estugarda em 1986 (sendo que também ganhara em 1982), nos Mundiais de Roma em 1987 e nos Jogos de Seul em 1988. Na década seguinte, Fernanda Ribeiro fez o pleno nos 10.000 metros: ouro nos Europeus de Helsínquia em 1994, ouro nos Mundiais de Gotemburgo em 1996, ouro nos Jogos de Atlanta em 1996. Mais recentemente, Nelson Évora alcançou o feito no triplo salto: ouro nos Mundiais de Osaka em 2007, ouro nos Jogos de Pequim em 2008, ouro nos Europeus de Berlim em 2018. Uns meses antes, Pedro Pablo Pichardo passara a ser português.

Olimpo, Mundo, Europa: Pedro Pablo Pichardo sagra-se campeão e fecha trilogia perfeita no triplo salto num ano

A estreia do triplista numa grande competição internacional até trouxe uma das maiores frustrações da carreira, com um quarto lugar decidido no último salto nos Mundiais de Doha, em 2019. Agora, num ano de sonho, “limpou” tudo o que havia para ganharsagrou-se campeão olímpico em Tóquio no início de agosto de 2021, ganhou o Mundial em julho deste ano, conquistou agora o Europeu. Ah, e antes e depois de 2021 para cá ainda foi campeão europeu de Pista Coberta em março do ano passado, foi vice-campeão mundial de Pista Coberta em março deste ano e conseguiu ainda ganhar a Liga Diamante. Já tem tudo feito, prefere continuar a pensar que está tudo por fazer e os próximos objetivos estão bem balizados.

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Limpou a areia, falou com o pai, rezou e encontrou a fé para voar: o salto de recorde nacional que coroou Pichardo campeão olímpico

“Boa tarde a todos, muito obrigado. Estou muito feliz, acho que aos poucos temos conseguido resultados e agora é cuidar da saúde e continuar a ter bons resultados. É um sabor muito bom ter estes títulos mas no meu caso sou muito ambicioso, ando sempre à procura de mais. Não é que este título já tenha passado mas não fico fixado no Campeonato da Europa, vou continuar a trabalhar para mais títulos”, referiu na chegada ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, depois da vitória em Munique na última noite – sendo que, ao contrário do que tinha acontecido na chegada de Eugene após algumas escalas e atrasos na saída dos EUA, foi de encontro aos jornalistas e respondeu a todas as questões.

A melhor marca do ano a abrir, a festa a fechar: Pedro Pablo Pichardo sagra-se campeão mundial do triplo salto

“Fácil? Se virmos assim sim, desde os Jogos Olímpicos que são sempre 40 ou 50 centímetros a mais do segundo lugar. Tenho muita confiança no meu trabalho, não fico muito surpreendido. Agora é continuar a trabalhar, a ter saúde. Tenho sempre motivação. O meu primeiro ensaio não correu bem, não me estava a sentir bem. No segundo sim e fiquei com a sensação de que tinha ganho. Faltava o Europeu para ter tudo cheio”, explicou depois de mais um triunfo em que deixou Andrea Dallavalle a 46 centímetros.

Agora sim, Pichardo tem tudo por Portugal. Mas isso não chega: “Quero mais títulos. Recorde mundial? Vou continuar a tentar…”

Em paralelo, Pichardo explicou também o conteúdo da mensagem que deixou nas redes sociais depois do triunfo, num lacónico “Nada a acrescentar, you know?”. “Como se diz cá, mandaram-me um bocadinho de bocas, havia pessoas que não acreditavam nos meus resultados, duvidavam que ia atingir o que consegui. Fiquei chateado, isso ficou na minha cabeça. Não conseguia acreditar que havia pessoas que não acreditavam… Hoje já não tenho nenhuma contestação, agora não… A Portuguesa é o meu hino, faz parte de mim. Quando vou para as provas é fazer o melhor, ganhar e ouvir A Portuguesa”, frisou.

O desabafo de Pichardo: “Já não sou cubano, faço parte dos cinco portugueses campeões olímpicos. Só quero fazer a minha carreira em paz…”

Por fim, e à semelhança do que tem vindo a dizer já desde Tóquio quando ganhou o ouro com o recorde nacional de 17,98, o saltador voltou a colocar como principal objetivo o recorde mundial de 18,29 que ainda pertence ao britânico Jonathan Edwards em 1995, quando tinha 29 anos (a atual idade de Pichardo). “Ter o recorde mundial como grande objetivo? Sim senhor, ainda falta um recorde mundial. Acho que ainda temos essa dívida connosco e com o povo também e vamos trabalhar para isso. Ultimamente tenho competido muito e fico sem tempo para recuperar e preparar as condições. Agora vou estar duas semanas focado na final da Liga Diamante. Vamos apostar na final da Liga Diamante”, concluiu.

A festa de Pichardo após juntar o título de campeão europeu aos de campeão mundial e olímpico