Depois de ter dispensado o quarto e quinto saltos, Pedro Pablo Pichardo apostou tudo na última tentativa quando já tinha o título de campeão europeu no bolso. E a marca iria ser melhor do que os 17,50 que lhe deram essa vantagem. Pisou a tábua, foi nulo. No entanto, e após levantar-se da areia e olhar para o pai e treinador que estava na bancada, ainda correu uns largos metros como se fosse um velocista para festejar uma medalha de ouro que estava ganha ainda antes da final estar terminada. Hoje, não tem adversário.

Olimpo, Mundo, Europa: Pedro Pablo Pichardo sagra-se campeão e fecha trilogia perfeita no triplo salto num ano

“Estou muito feliz com esta vitória, muito obrigado pelos vossos comentários. Qual é o segredo? É muito trabalho, tenho muito trabalho dentro do meu corpo e muita dedicação, por isso é que depois parece fácil. Agora é continuar a conquistar títulos, ganhar títulos e fazer mais saltos bons”, começou por dizer o atleta em declarações à RTP2, antes de assumir aquele que é o grande objetivo paralelo da carreira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Recorde do Jonathan Edwards? Sabes, ele quando bateu o recorde mundial tinha a minha idade [29 anos], por isso… Vou continuar a tentar também este ano, a ver se sai um bom salto”, reforçou, recordando também o voo que teve no sexto e derradeiro salto que o iria aproximar mais desse objetivo de carreira por Portugal depois de já ter andado nos 17,98 nos Jogos Olímpicos e nos 17,95 nos últimos Mundiais.

A festa de Pichardo após juntar o título de campeão europeu aos de campeão mundial e olímpico

Pedro Pablo Pichardo conquistou também a 16.ª medalha de ouro em Campeonatos da Europa para Portugal, depois de Rosa Mota (maratona de 1982, 1986 e 1990), Manuela Machado (maratona de 1994 e 1998), Fernanda Ribeiro (10.000 metros de 1994), António Pinto (10.000 metros de 1998), Francis Obikwelu (100 metros de 2002 e 2006, 200 metros de 2006), Dulce Félix (10.000 metros de 2012), Patrícia Mamona (triplo salto de 2016), Sara Moreira (meia maratona de 2016), Nelson Évora (triplo salto de 2018) e Inês Henriques (50km marcha de 2018), naquela que tinha sido a última edição dos Europeus.

Em paralelo, Pichardo foi apenas o quarto atleta nacional a ganhar o ouro olímpico, mundial e europeu. Rosa Mota tinha conseguido esse feito na maratona na década de 80 com ouro no Campeonato da Europa de Estugarda em 1986 (sendo que ganhara em 1982 e ganharia em 1990), nos Mundiais de Roma em 1987 e nos Jogos de Seul em 1988. Na década seguinte, Fernanda Ribeiro fez o pleno nos 10.000 metros: ouro nos Europeus de Helsínquia em 1994, ouro nos Mundiais de Gotemburgo em 1996, ouro nos Jogos de Atlanta em 1996. Mais recentemente, Nelson Évora alcançou o feito no triplo salto: ouro nos Mundiais de Osaka em 2007, ouro nos Jogos de Pequim em 2008, ouro nos Europeus de Berlim em 2018.