O Benfica chegava com grandes indicadores. Teve uma segunda parte arrasadora frente ao Sp. Braga nas meias-finais da Supertaça, goleou as bósnias do Hajvalia na primeira ronda da qualificação para a Liga dos Campeões, venceu depois o Twente em mais um passo para a fase de grupos da principal prova europeia. O Sporting, com apenas uma partida realizada, deixou também bons sinais no triunfo frente ao Famalicão no apuramento para o jogo decisivo da Supertaça, com Cláudia Neto a confirmar que é uma mais valia para a equipa e para a Liga portuguesa. Agora, era noite de dérbi. E, à semelhança do que aconteceu na última temporada, o primeiro troféu da nova época iria ser decidido entre os rivais lisboetas em Leiria.

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“Temos novas jogadoras, novas caras que vêm acrescentar bastante, que estão a ser muito bem integradas e acabam por vir ajudar um plantel que já era bastante equilibrado. Procuramos que a equipa consiga ser o mais compacta e coesa possível em todos os momentos do jogo, mas também acabamos por dar muita liberdade à criatividade das jogadoras, tentando não as colocar em grandes padrões, não destoando obviamente daquilo que pretendemos no coletivo. Vamos continuar no mesmo processo e penso que estas são as armas que acabamos por tentar utilizar para ganhar qualquer jogo. Esta é a nossa ideologia e a nossa forma de estar no futebol: as jogadoras, individualmente, darem um bom cunho, sempre em prol do coletivo”, comentara na conferência de imprensa conjunta Filipa Patão, treinadoras das encarnadas.

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“Contamos com as mesmas armas, somos uma grande equipa. Temos jogadoras de muita qualidade, que trabalham muito e o grupo é muito unido. Isso, aliado à qualidade que têm, mostra que são um coletivo que evoluiu e aumenta a sua própria validade porque cada uma delas dá muito ao grupo. Os ciclos renovam-se todos os anos, especialmente no futebol feminino onde ainda não existem vínculos tão prolongados como se calhar seria desejável, mas temos os reforços ideais, os que desejávamos ter. Temos quatro novas jogadoras que vieram trazer muita qualidade e que se integraram bem. Precisamos sempre de mais jogos de qualidade para evoluir”, salientara também Mariana Cabral, treinadora das leoas.

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Este não seria um dérbi qualquer, não só por haver um troféu em discussão entre o vencedor da última Liga (Benfica) e o vencedor da Taça de Portugal (Sporting) mas também por desempatar um registo que estava completamente igualado até à discussão desta Supertaça: cinco vitórias para cada conjunto mais um empate (com 18-17 em golos para as verde e brancas). Mais: nas duas finais antes disputadas, o Benfica levou a melhor na Taça da Liga em março de 2021 e o Sporting ganhou a Supertaça em agosto de 2021. Agora, e pela primeira vez, a decisão seguiu para prolongamento, com a entrada de Kika Nazareth a mudar por completo a partida com um golo a fazer o empate, uma assistência que carimbou a goleada e várias grande jogadas que deram a reviravolta ao Benfica e “mostraram” a grande promessa nacional.

A primeira parte teve um encontro bem disputado, com mais bola e domínio territorial do Benfica mas sem muitas oportunidades para materializar esse ascendente na maioria do tempo. Aliás, até foi o Sporting a deixar o primeiro aviso com um remate de Diana Silva após recuperação de Ana Capeta (4′). As encarnadas tiveram de seguida algumas tentativas prensadas nas defesas leoninas e voltaram a ser as verde e brancas a criar a chance de maior perigo na metade inicial, com Cláudia Neto a lançar Diana Silva, a avançada a cruzar ao segundo poste e Ana Capeta a desviar de carrinho pouco ao lado da baliza de Rute Costa (21′). Só no final houve mais Benfica na área contrária, com Pauleta a criar perigo na sequência de um canto (41′) e Jéssica Silva atirou com perigo para defesa de Seabert em cima do intervalo (45′).

No segundo tempo, a intensidade aumentou e o jogo melhorou. O Benfica teve muitas vezes o problema de procurar a largura sem conseguir pela direita mas com Cloé Lacasse a ganhar vários lances no 1×1 pela esquerda e Andreia Norton a assumir o comando do jogo pelo meio cresceu no jogo, teve dois remates da internacional portuguesa que levaram perigo e parecia estar melhor quando Ana Capeta “ganhou” um penálti que deixou dúvidas de Lúcia Alves (não pelo toque mas pelo movimento que ambas estavam a fazer) e Cláudia Neto aproveitou para dar vantagem ao Sporting já sem a lesionada Ana Borges (63′).

Nos minutos seguintes as comandadas de Filipa Patão acusaram esse lance e o atraso no marcador, com Chandra Davidson a ver um remate que parecia seguir na direção da baliza ficar numa defesa contrária depois de um canto, mas a entrada de Kika Nazareth para ficar na frente tendo um corredor central a carburar com Pauleta, Andreia Norton e Ana Vitória mudou em definitivo o rumo do jogo, com dois lances de perigo na área leonina e uma grande defesa de Seabert antes do empate num remate de fora da jovem internacional (75′). Voltava tudo à “estaca zero”, com a guardiã americana a salvar a reviravolta com outra intervenção fantástica a remate de Ana Vitória depois de uma grande penalidade assinalada e depois revertida sobre a brasileira (89′). O Benfica conseguia acabar por cima mas o empate não iria mudar até ao final do tempo regulamentar, com a decisão a seguir mesmo para o prolongamento.

A parte física parecia ditar leis nos 30 minutos extra perante o desgaste notório em várias jogadoras mas os minutos iniciais escreveram uma história bem diferente com Ana Capeta a sair rápido descaída sobre o lado esquerdo para rematar ao poste e Carolina Beckert a cortar com o braço um remate de Ana Vitória que iria sair muito para fora depois de mais uma arrancada fulgurante de Kika Nazareth, dando a oportunidade à brasileira de fazer o 2-1 (96′). O Sporting ainda conseguiu reagir, tendo mais um lance que só não deu penálti porque Ana Capeta partiu de posição irregular antes de ser carregada, mas a final ficaria resolvida nos minutos iniciais do segundo tempo com Ana Vitória a marcar o 3-1 (107′), Chandra Davidson a acertar na trave (109′) e Nicole a fazer 0 4-1 após passe de calcanhar de Kika Nazareth (109′).