A Guiné-Bissau está a registar neste momento um recrudescer de casos de paludismo (malária), uma situação que o coordenador do programa de combate à doença, o médico José Ernesto Nante considera como “normal nesta altura do ano”.
Em declarações à Lusa, o médico, especialista em saúde pública, indicou que as regiões de Bafatá e Gabú, no leste do país, Bolama e Tombali, no sul, são as zonas com maior taxa de prevalência da doença, sobretudo em crianças.
Ernesto Nante assinalou que o aumento de casos do paludismo acontece geralmente entre os meses de junho e novembro, período das chuvas na Guiné-Bissau, mas que este ano a situação regista um ligeiro aumento nas quatro regiões.
O médico defende ainda que o pico da incidência da doença será no mês de novembro.
O coordenador do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo disse que a Guiné-Bissau é considerada um país endémico, mas desde 2016 o governo, sob recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), começou uma intervenção nas comunidades, visando a erradicação da doença em 2030.
Toda a população guineense é vulnerável ao risco de contaminação, mas o Governo elegeu o paludismo como impactante para a economia da população, daí ter elaborado uma estratégia nacional de combate à doença”, observou Nante
A chamada intervenção QPS (Quimio Prevenção Sazonal), consiste em dar dois antipalúdicos às crianças de até 59 meses e às grávidas a partir de 13 semanas que tenham comparecido às consultas pré-natais nos centros de saúde.
“Dando medicamentos como Fansidar e Modoquina isso garante proteção à criança de 75% a 92%“, observou Ernesto Nante.
Olhando para os dados, o coordenador Nacional de Luta contra o Paludismo afirmou que a situação “tende a conhecer melhorias”, em comparação com o período antes de 2016.
“Segundo os dados do Instituto Nacional da Saúde Pública no decorrer de 2021 foram notificados um total de 181. 855 casos entre os quais resultaram em 462 óbitos“, observou Ernesto Nante, frisando que nos primeiros seis meses deste ano foram contabilizados cerca de 58 mil casos.
O responsável, no cargo há sete meses, disse que uma equipa técnica “está a analisar melhor” estes números, com os quais disse não concordar, por entender que “a situação reduziu-se bastante” nos últimos anos.