O cadáver do trabalhador humanitário britânico Paul Urey revela o que terá acontecido durante os três meses que esteve detido pelas forças russas. Agora devolvido pela Rússia à Ucrânia, o corpo do homem de 45 anos mostra “sinais indescritíveis de possível tortura (…) artes do corpo desaparecidas, inúmeros cortes e vestígios de tortura”, segundo adiantou esta quarta-feira Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
Os russos devolveram o corpo do trabalhador humanitário britânico Pau Urey, que capturaram em abril e deram como morto devido a ‘doenças’ e ‘stress’ em julho. Com sinais indescritíveis de possível tortura. Deter e torturar civis é uma barbárie e um crime de guerra hediondo”, escreveu numa publicação no Twitter.
Ainda na publicação no Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia expressa as suas “profundas condolências” aos familiares e pessoas próximas de Paul Urey, que lembra como um “homem corajoso que se dedicou a salvar pessoas”. “A Ucrânia nunca o esquecerá nem aos seus feitos. Vamos identificar os autores deste crime e responsabilizá-los. Não escaparão à justiça”, remata.
Paul Urey foi capturado junto com outro britânico, Dylan Healey, a 29 de abril deste ano. Os dois trabalhadores humanitários independentes passavam num posto de controlo num carro que conduziam para ajudar uma mulher e duas crianças, quando foram detidos, escreve o The Guardian.
Os dois homens foram acusados de “atividades mercenárias” pela autoproclamada República Popular de Donetsk e, no início de maio, Urey apareceu algemado na televisão estatal russa a criticar o governo britânico e a cobertura dos meios de comunicação britânicos sobre a invasão da russa na Ucrânia. Dois meses depois, a morte do trabalhador humanitário de 45 anos foi anunciada por Daria Morozova, responsável pelos direitos dos separatistas na zona de Donetsk.
Não se conhece o paradeiro nem de Dylan Healey, que foi detido no mesmo dia que Paul Urey e outros quatro estrangeiros capturados no leste da Ucrânia. Todos eles foram acusados de serem mercenários e arriscam uma condenação a pena de morte. A próxima audiência do caso está marcada para outubro.