Quando Paulo Dybala trocou a Juventus pela Roma, durante o verão, a contratação não foi propriamente um dos blockbusters do mercado de transferências. Não necessariamente pela qualidade do avançado argentino, não necessariamente por terem existido outras mudanças estratosféricas na Serie A e não necessariamente por ter sido a custo zero. Mas principalmente porque a magia de Dybala não parecia encaixar com o pragmatismo de Mourinho.

A meio de setembro, com a Serie A já com seis jornadas e com as competições europeias a todo o vapor, essa ideia preliminar não poderia estar mais errada. O avançado de 28 anos leva três golos e duas assistências e a relação entre jogador e treinador tem sido recheada de elogios mútuos — prova disso foi a última partida da Roma, uma vitória perante o Empoli em que Dybala marcou e assistiu. 

“Parece que vai tudo contra nós…”: Roma soma segunda derrota seguida, Mourinho regressa a perder à Liga Europa

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“O Paulo é um jogador de um nível incrível. Crescemos na época passada com a vitória na Liga Conferência. Este ano as expectativas são muito altas porque contratámos este jogador fenomenal que em condições normais não jogaria na Roma, porque não temos o potencial económico de outros clubes”, disse Mourinho, com Dybala a responder na mesma moeda. “Existe um enorme desejo de vencer, temos o melhor treinador do mundo e excelentes jogadores. É preciso manter a calma e jogador no máximo das nossas capacidades, é isso que as grandes equipas fazem”, defendeu o argentino.

Era neste contexto, depois de uma vitória contra o Empoli que se seguiu a duas derrotas consecutivas, que a Roma recebia esta quinta-feira o HJK da Finlândia no Olímpico. Os italianos tinham perdido com o Ludogorets na jornada inaugural da fase de grupos da Liga Europa e precisavam naturalmente de um triunfo e de pontos para manter o apuramento totalmente em aberto. Assim, e mesmo no meio dos elogios, Mourinho deixava Dybala a descansar no banco e lançava Zaniolo, Pellegrini, Spinazzola e Belotti no setor mais adiantado, promovendo também a poupança de Tammy Abraham e Smalling.

No Olímpico, se o HJK já tinha uma tarefa complexa, o obstáculo tornou-se ainda mais complicado logo à passagem do quarto de hora inicial. Miro Tenho fez falta sobre Belotti quando o avançado seguia isolado para a baliza, o árbitro da partida começou por mostrar apenas cartão amarelo mas, depois de analisar as imagens do VAR, mudou de ideias e expulsou o central dos finlandeses com vermelho direto. Toni Koskela, o treinador do HJK, reagiu ao trocar o médio Hostikka pelo defesa Peltola e o que seguiu, ao contrário do que seria de esperar, não foi propriamente uma missão de sobrevivência.

A Roma dominou sempre, é certo, mas não asfixiou por completo a equipa finlandesa. Zaniolo e Belotti tiveram as melhores oportunidades dos italianos, com o primeiro a permitir a defesa de Hazard (39′) e o segundo a atirar ao lado (42′), mas a equipa de José Mourinho precisaria de fazer algo mais na segunda parte para desbloquear o nulo e ganhar em casa a um conjunto claramente inferior e com um elemento a menos.

Esse “algo mais”, pelo menos na cabeça de Mourinho, foi simples: lançar Smalling e Dybala ao intervalo. Os dois jogadores entraram para o lugar de Ibañez e Viña e o avançado argentino demorou escassos instantes a abrir o marcador: Spinazzola desequilibrou no vértice da grande área, combinou com Pellegrini e o capitão assistiu Dybala, que rematou cruzado e não deu hipótese a Hazard (47′). A porta abriu e, dois minutos depois, foi a vez de o próprio Pellegrini aumentar a vantagem com alguma sorte à mistura, desviando um cruzamento de Zaniolo (49′).

Mourinho trocou Cristante por Camara, Zaniolo falhou um golo cantado em frente à baliza (61′) e Belotti fechou as contas ao desviar na pequena área após assistência do mesmo Zaniolo (68′), com o treinador português a aproveitar a vantagem dilatada para gerir ainda mais o esforço da equipa e dar minutos de descanso a Pellegrini e Zaniolo. No fim, a Roma venceu o HJK (3-0) no Olímpico, somou os primeiros pontos na Liga Europa e respondeu da melhor forma ao desaire da semana passada. Pelo meio, o “jogador fenomenal” voltou a fazer sorrir o “melhor treinador do mundo”.