Quarenta e uma empresas portuguesas de calçado participam, de domingo a terça-feira, na principal feira internacional do setor, em Milão, Itália, decididas a “consolidar os negócios” após o recorde de exportações batido no primeiro semestre deste ano.
À comitiva que rumará à MICAM junta-se um grupo de mais 35 empresas portuguesas — 13 de componentes para calçado e 22 de curtumes, uma das “maiores delegações portuguesas de sempre” — com presença marcada na Lineapelle, a mais importante feira internacional dedicada ao couro, acessórios e componentes para calçado, cuja 100.ª edição decorre de terça a quinta-feira, também em Milão.
“A MICAM é a principal feira do setor e é muito relevante para as empresas nacionais, uma vez que reúne os maiores players do setor a nível mundial”, salienta o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), que organiza a participação portuguesa nos eventos, citado num comunicado.
Segundo Luís Onofre, a presença portuguesa na feira “é da maior importância para consolidar os negócios”, numa altura em que a indústria portuguesa dá sinais de vitalidade nos mercados internacionais” e em que está convicto de que 2022 será “um ano de forte afirmação do calçado português nos mercados externos”.
No primeiro semestre deste ano, Portugal exportou 40 milhões de pares de calçado no valor de 957 milhões de euros, o que representa um crescimento de 22% e 27,5%, respetivamente, em quantidade e valor, face ao mesmo período de 2021 e se destaca como “o melhor desempenho de sempre”.
Relativamente a 2019, anterior à pandemia, as exportações portuguesas de calçado estão a crescer 12,2%.
“Trata-se do melhor desempenho de sempre do calçado português nos mercados externos, ultrapassando mesmo o máximo histórico de 2017″, salienta a APICCAPS.
De acordo com a associação, o calçado português “está a crescer em praticamente todos os mercados mais relevantes”.
“Na Europa o crescimento ascende a 26,2%, com destaque para os crescimentos na Alemanha (mais 17% para 218 milhões de euros), França (mais 31% para 185 milhões de euros) e Países Baixos (mais 31,2% para 146 milhões de euros). De igual modo, continua o bom desempenho no Reino Unido: crescimento de 34% para 55 milhões de euros”, precisa.
O “maior destaque” é, contudo, o crescimento do calçado português em mercados extracomunitários, designadamente nos EUA, onde o aumento homólogo até junho foi de 66%, para 55 milhões de euros.
De referir ainda a subida registada nas vendas para o Canadá (mais 32% para 13 milhões de euros) e para o Japão (mais 45% para cinco milhões de euros), destacadas pela APICCAPS como traduzindo “uma excelente ‘performance'”.
“Os dados do primeiro semestre de 2022 confirmam que o calçado português fez, durante a pandemia, os trabalhos de casa e, por isso, está a ganhar terreno aos seus concorrentes mais diretos”, considera Luís Onofre.
Ainda assim, o dirigente associativo alerta que é preciso estar atento aos sinais externos, sustentando que a “pandemia, a guerra na Ucrânia e a inflação são razões mais do que suficientes para estarmos cautelosos relativamente aos negócios”.
A comitiva nacional presente na MICAM receberá no domingo, primeiro dia da feira, a visita do ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, e do secretário de Estado da Economia, João Neves.
Destinada a apresentar “as grandes tendências” para a estação primavera-verão de 2023, a MICAM tem entre as principais novidades desta 94.ª edição uma “extensa agenda” de palestras organizadas pela consultora internacional WGSN, na área MICAM X, um “palco para as propostas mais inovadoras de alta tecnologia e funcionará como ponto de encontro para empresas e palestrantes de todo o mundo”.