O relatório das Nações Unidas sobre o conflito em Tigray, no norte da Etiópia, elaborado por um grupo de peritos que diz estar “profundamente perturbado”, diz que foram cometidos “crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.
A Comissão tem motivos razoáveis para acreditar que, em vários casos, as violações equivalem a crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, disseram os peritos num relatório do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, no qual se acrescenta: “A Comissão está profundamente perturbada com o que descobriu porque reflete uma profunda polarização e ódio entre as etnias na Etiópia”.
No documento, que relata as conclusões da investigação ao violento conflito armado que eclodiu na Etiópia no final de 2020, os peritos dizem que existe “um ciclo perturbador de violência extrema e retaliação, que aumenta o risco iminente de atrocidades ainda maiores e mais graves”, e pede aos organismos internacionais e regionais que tomem “medidas para restaurar a paz, a estabilidade e a segurança e para prevenir novas violações” dos direitos humanos.
O documento, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), faz também um apelo ao alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos para que acompanhe constantemente a situação e continue a apelar às partes em conflito para que respeitem o direito humanitário internacional, os direitos humanos e os direitos dos refugiados.
A Comissão, que também descreveu as muitas limitações à sua investigação no terreno, foi estabelecida por um ano pela resolução S-33/1 de 17 de dezembro de 2021, para conduzir uma investigação exaustiva e independente sobre as repetidas alegações de violações dos direitos humanos.
O conflito eclodiu no início de novembro de 2020 quando o governo federal do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, lançou uma ofensiva contra os rebeldes da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF), controlando esta região norte da Etiópia.
O recomeço dos combates no norte da Etiópia, em 24 de agosto, abalou uma trégua de cinco meses.