O povo indiano que reside perto da fronteira dos Himalaias com a China está a acusar o seu governo de entregar os seus próprios territórios à China. A região de Gogra-Hot Springs está a ser fortemente disputada desde junho de 2020 e, recentemente, os dois países celebraram um acordo de desmobilização.

Este acordo fez com que as tropas indianas e chinesas se retirassem da zona disputada no início de setembro e, segundo o governo da Índia, nenhum dos lados poderia patrulhar nas zonas de contenção previamente estabelecidas. Sabe-se agora que essas zonas foram construídas em áreas que pertenciam à Índia.

O nosso exército está a desocupar as áreas que não foram disputadas, enquanto as tropas chinesas estão paradas nas áreas tradicionalmente patrulhadas pela Índia”, disse Konchok Stanzin, vereador da região, ao The Guardian, afirmando ainda que, em 2021 foi assinado um acordo na zona do Lago Pangong, em Ladakh, que fez com que a Índia perdesse para a China “uma área enorme”.

Os moradores da região não estão confortáveis com a sua segurança, nem com os efeitos causados pela cedência dos terrenos. “Estamos a perder enormes pastagens”, avisa Konchok. Grande parte dos moradores desta área são criadores de gado e as cabras Changra — responsáveis pela produção de lã de caxemira — são a sua principal fonte de subsistência.

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Antes a nossa preocupação eram apenas as ofensivas chinesas, mas agora a situação é mais preocupante. O nosso governo está a desistir das nossas terras”, lamentou, acrescentando: “Se a abordagem da Índia permanecer a mesma, vamos perder mais terras”.

Já Rahul Gandhi, líder do principal partido de oposição da Índia, acusou, no Twitter, o governo de Narendra Modi de “dar 1.000 quilómetros quadrados de território à China sem contestação”. 

O mais recente acordo entre a China e a Índia foi alcançado na semana passada em mais uma — a 16.ª — ronda bilateral de negociações entre os principais comandantes militares dos países. Nesse acordo, as duas nações concordaram em abandonar as ofensivas de Gogra-Hot Springs, com vista a “à paz e tranquilidade na fronteira”.