O Chega falhou a eleição do vice-presidente da Assembleia da República pela terceira vez. O nome de Rui Paulo Sousa foi recusado, tendo recebido apenas 64 votos (com 137 votos em branco), o que significa que, dos 77 deputados do PSD, no máximo só 52 votaram no candidato do Chega. Ou seja: pelo menos um terço dos deputados sociais-democratas não acataram apelo do líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento.
À saída da sala das sessões, o líder parlamentar do PSD disse que o “o voto é livre” e que “os deputados, soberanos decidiram rejeitar” o candidato do Chega. Joaquim Miranda Sarmento não entende a derrota de Rui Paulo Sousa como derrota pessoal: “eu não fui a votos. O deputado do Chega é que não foi eleito” e que a orientação dada “foi apenas para o cumprimento de uma prática parlamentar com 40 anos”.
Também no final da sessão plenária de hoje, Eurico Brilhante Dias, o líder parlamentar do PS disse aos jornalistas que “a decisão da direção do PSD, cujo primeiro responsável é Luís Montenegro diz bem ao que vem a direita. Não há linhas vermelhas com a extrema-direita”, lamentando “o apoio de um partido fundador da democracia a um candidato” do Chega. Brilhante Dias acrescentou ainda que “se perdeu um partido fundador na luta contra a extrema-direita” e que a defesa da democracia “ficou a cargo do PS, da esquerda parlamentar e de alguns deputados do PSD que não seguiram a orientação de voto”.
Ainda no plenário, o presidente do Chega, André Ventura considerou este resultado um “boicote” e acusou o grupo parlamentar do PS de ser o responsável pela rejeição dos candidatos do Chega. O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias pediu de seguida a palavra para frisar que “há valores dos quais as bancada do PS não abdica”.
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Apesar de mais uma derrota, o Chega parece não querer desistir de eleger um vice-presidente e poucos minutos depois de ter conhecido o resultado, Rui Paulo Sousa disse à Rádio Observador que o partido “pondera apresentar mais um candidato”, neste caso o deputado Jorge Galveias.
O PSD tinha enviado esta manhã um email aos deputados a apelar ao voto no candidato apresentado pelo Chega. A posição foi concertada entre o líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento e o presidente do partido, Luís Montenegro. O PSD defende que a praxe parlamentar é para cumprir, apesar de na primeira votação, ainda com Rui Rio, ter contribuído para a rejeição de Diogo Pacheco Amorim e João Cotrim Figueiredo.
Miranda Sarmento, concertado com Montenegro, pede a deputados do PSD para votarem em ‘vice’ do Chega
Ainda antes do inicio da votação, numa declaração aos jornalistas, André Ventura tinha dito que o apoio do PSD era “um sinal de normalização”, admitindo também contactos com a Iniciativa Liberal.
Já o PS discutiu a questão na reunião do grupo parlamentar esta manhã, com o líder da bancada, Eurico Brilhante Dias a admitir que votaria contra, mas na sessão plenária, em resposta à Iniciativa Liberal disse ter votado em João Cotrim Figueiredo no inicio do mandato e desafiou os liberais a apresentarem um novo candidato.