Os valores e as cláusulas de todos os contratos de Lionel Messi no Barcelona. Os pedidos para cláusulas extras que nunca se conheceram, incluindo durante a pandemia. A forma de pessoas próximas do jogador tentarem entrar nas negociações da renovação de Ansu Fati e com isso receberem avultadas comissões. A edição do El Mundo desta quarta-feira trouxe uma série de informações no âmbito do Barçagate, processo em que as autoridades judiciais investigam a existência de uma empresa contratada pelo clube quando era liderado por Josep Maria Bartomeu para fazer campanhas nas redes sociais contra alvos em específico, de jogadores do plantel a antigas glórias, passando por outras entidades, mas o foco passou a ser outro.
Ainda no mesmo dia, os catalães, agora presididos por Joan Laporta, ameaçaram com ações legais caso a publicação não ficasse por ali nas revelações. “Indignação” foi uma das palavras utilizadas no comunicado, “filtragem interessada de informações” outra. “O artigo em questão torna públicos documentos que não têm nada a ver com a instrução do caso e a sua utilização atenta contra a reputação e confidencialidade do clube. Com o objetivo de proteger os direitos do Barcelona, os serviços jurídicos do clube já se encontram a estudar as medidas oportunas a tomar”, acrescentou. Nada mudou a não ser o jogador em análise. E, esta quinta-feira, as revelações entroncaram no central e capitão Gerard Piqué, outra figura do plantel.
A nível de contrato, o El Mundo revelar documentos que mostram como em janeiro de 2018, apenas um mês depois do maior contrato de sempre assinado por Lionel Messi com os catalães, quando renovou o seu vínculo com os blaugrana, se tornou o central a ganhar mais no futebol. Em resumo, Piqué iria receber um total de 142 milhões de euros brutos por cinco temporadas, num valor por época de 28,4 milhões. Mais: de acordo com algumas fontes citadas, o internacional queria ser o defesa central mais bem pago mas também ter um vencimento acima de Sergio Ramos, capitão e figura do Real Madrid. Com 15 milhões por temporada em termos líquidos, conseguiu. No entanto, a mecânica para esse valor não foi linear.
Piqué, o catalão que cria tempestades com o que diz e passa entre os pingos da chuva no que faz
Assim, e além do valor do ordenado, existiam outras cláusulas para ascender o total a esse montante como uma percentagem dos direitos de imagem, muitos objetivos e bónus mediante a obtenção de objetivos (que em alguns casos eram mais “fáceis” para acelerar esse pagamento, prémios e bónus de fidelidade. Tudo ficou fechado a meio de dezembro, com Arturo Canales, agente do jogador, a enviar para Ángel Rocamora o contrato com a mensagem “Aqui vai a versão para assinar dos dois contratos”. Mais tarde, com a pandemia, houve cortes nos números, com um valor a menos até 70% do salário enquanto o futebol estivesse parado. Aí, Piqué prolongou o vínculo com mais algumas condições inseridas nas cláusulas extra.
Em paralelo com isso, o El Mundo teve também acesso a correspondência interna que acusava Gerard Piqué de causar “um prejuízo muito sério” depois de pedir que o Barcelona interagisse com os negócios privados que tem fora do futebol, acrescentando mesmo que o central “colocava os seus interesses à frente dos interesses do clube”. “É uma falta de respeito, vai criar um conflito de interesses no Barça”. Ao mesmo tempo, o email dos serviços jurídicos acrescenta que o jogador não teve nenhum cuidado com a imagem do presidente, da organização e dos dirigentes em detrimento dos seus interesses económicos. Era ainda proposta uma multa de 25% de salário, mais de 300.000 euros. Tudo a propósito do vídeo feito por uma empresa de Piqué em que Griezmann anunciava a decisão sobre o futuro que passava por Camp Nou.
