Uma boa qualificação, uma grande partida, uma corrida que não trouxe depois condições para fazer um resultado melhor mas que ainda assim igualou o segundo resultado mais alto da temporada. Após vários meses na Europa, a passagem do MotoGP para a Ásia recuperou um Miguel Oliveira a andar por lugares cimeiros à semelhança do companheiro da KTM Brad Binder e o português tinha como principal objetivo manter esse ritmo para continuar a somar pontos que lhe permitissem subir posições na classificação geral do Mundial de 2022. No entanto, após boas indicações nos TL1, o primeiro dia não correu de feição.

O Falcão voltou a voar para o segundo melhor resultado da época: Miguel Oliveira acaba Grande Prémio do Japão em quinto

Depois de ter começado com o sétimo lugar na primeira sessão de treinos livres na Tailândia, a 0,233 do mais rápido em pista (Johann Zarco), o português terminou a TL2 com o quinto registo e o oitavo tempo combinado do dia inicial, num resultado que noutros traçados poderia ser positivo mas que ali acabou por ficar abaixo do que era esperado pelo piloto de Almada, como o próprio viria a assumir no final.

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Miguel Oliveira admite que oitavo lugar nos treinos fica aquém do esperado

“A sessão da tarde foi mais complicada, o vento levantou-se um pouco mais, na secção mais rápida, era mais difícil fazer uma trajetória mais rápida, mas conseguimos um bom tempo. Estou contente com o top 10 nos combinados mas um pouco aquém do que esperava a nível de ritmo. Há algum trabalho ainda por fazer, algumas coisas na mota que podem melhorar para me fazer sentir mais confortável e competitivo a nível do ritmo de corrida. Esta tarde, entraremos mais em detalhe nisso, e amanhã [sábado] traçaremos um plano para melhorar mais”, comentou esta sexta-feira em declarações à Sport TV.

“Estive a experimentar algumas coisas no setting do travão motor da embraiagem que acabaram por não funcionar mas não havia tempo para melhorar durante a sessão. Tive de fazer a sessão com algo que não gostava e que não funcionava. A sair da última curva perdemos um bocadinho de aceleração, a nossa moto não é a mais rápida. Nos outros setores, em alta velocidade, conseguimos recuperar algum tempo e travar tarde. Senti muitos pontos onde a moto desliza, sobretudo quando já está a direito, continua a deslizar bastante. Não estamos a 100% mas acredito que, com o trabalho que vamos fazer, vamos estar mais confortáveis e competitivos. Três décimas parece pouco, mas neste circuito está a ser muito, já me colocam em oitavo e temos de encontrar mais tempo”, acrescentou sobre um dia em que chegou a cair.

Esta manhã, madrugada em Lisboa, os objetivos de melhoria ficaram ainda mais aquém, a ponto de ter falhado a entrada direta na Q2 como tinha acontecido nas últimas três provas com um 11.º registo entre os tempos combinados que o deixou à porta da passagem direta à discussão das quatro primeiras linhas da grelha. Ao contrário do que aconteceu com Brad Binder, quarto melhor dos TL3, Miguel Oliveira falhou a entrada entre os melhores e sabia também que ficaria com adversários de peso na Q1, entre as Aprilias de Aleix Espargaró e Maverick Viñales ou a Honda do sempre imprevisível Marc Márquez.

A quarta e última sessão de treinos livres contou na maior parte do tempo com Miguel Oliveira entre os dez primeiros lugares à frente de grande parte dos pilotos com quem iria discutir o acesso à Q2 mas era na Q1 que estavam centradas todas as atenções, com Marc Márquez a abrir com 1.30,343 naquela que foi a sua melhor volta em todo o fim de semana na Tailândia e que poderia ser já suficiente para ficar com uma das duas vagas de acesso à luta pelos 12 primeiros lugares. Já o português abriu com o tempo modesto no 1.31 alto mas saltou depois para o segundo posto com 1.30,682, ficando à frente de Aleix Espargaró até à resposta quase imediata do piloto da Aprilia a recuperar essa última posição de passagem à Q2.

Haveria ainda espaço para surpresas antes da primeira paragem para todos os pilotos, com Cal Crutchlow a mostrar o que até aí não tinha revelado para saltar para o segundo lugar da Q1. Na segunda entrada, Miguel Oliveira desceu à sexta posição com as subidas de Viñales e Morbidelli mas uma volta canhão em que fez os primeiros três setores mais rápido do que Marc Márquez e acabou apenas a 0,061 do espanhol para se fixar na segunda posição, sem resposta de Aleix Espargaró e restante companhia. Com um tempo já próximo de baixar do 1.30, o português assegurava mais uma presença consecutiva na Q2.

Ao contrário do que aconteceu com Márquez, Miguel Oliveira preferiu no início da Q2 não sair para a pista, vendo nas suas boxes o que se passava numa luta que voltava a ter Jorge Martín e Johann Zarco como os principais protagonistas entre o duelo particular entre Quartararo e Pecco Bagnaia pela melhor posição na saída, e foi em busca da sua melhor versão a cinco minutos do fim da Q2 moralizado com essa última volta da Q1 que mostrou uma outra versão do português na Tailândia. Fez uma volta lenta para poder ainda ter tempo para duas rápidas antes da bandeira de xadrez, começou por colocar-se no nono lugar à frente de Brad Binder mas desceu a 11.º, não melhorando depois na última tentativa do dia. Lá na frente, o italiano Marco Bezzecchi conseguiu uma pole position surpresa (a primeira no MotogGP) à frente de Jorge Martín e Pecco Bagnaia, ficando Quartararo, Zarco e Enea Bastianini na segunda linha.