O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil exigiu esta terça-feira que o Ministério da Defesa apresente o resultado de um teste realizado nas urnas durante a primeira volta das eleições, a 2 de outubro.

A auditoria realizada pelos militares foi resultado de demandas e pressões exercidas pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na dura e sustentada campanha de descrédito que manteve durante meses em torno do sistema de votação eletrónica que o Brasil adotou em 1996 e que até agora não foi objeto de queixas de fraude.

No dia 2, Bolsonaro, que aspira à reeleição, teve 43,2% dos votos, face a 48,4% alcançados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da frente progressista que enfrentará na segunda volta do sufrágio, a 30 de outubro.

O Ministério da Defesa, após tensas negociações, conseguiu, como Bolsonaro exigiu, que o TSE permitisse auditar centenas de urnas eletrónicas usadas na primeira volta, mas ainda não divulgou os resultados desses testes.

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O TSE afirmou dois dias após as eleições que nenhuma irregularidade havia sido detetada, mas mesmo assim as Forças Armadas permaneceram caladas sobre os resultados, que segundo media locais foram entregues em particular a Bolsonaro.

“A realização da auditoria pelas Forças Armadas” e “a entrega do resultado ao candidato à reeleição parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do executivo”, disse o Presidente do TSE, Alexandre de Moraes, em documento esta terça-feira divulgado.

Segundo o magistrado, isso pode significar “desvio de finalidade e abuso de poder” por parte das Forças Armadas, que fazem parte de um Governo que tem candidato à reeleição e tem usado dinheiro público para realizar a auditoria.

Nesse quadro, o TSE convocou o Ministério da Defesa para divulgar os resultados dos testes no prazo máximo de 48 horas.